O bolsonarismo está em declínio, mas é um movimento mobilizador

O bolsonarismo esta em declinio mas e um movimento mobilizador
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Por Cesar Benjamin – Bolsonaristas presos em flagrante por tentar um golpe de Estado estão reclamando das condições de prisão em ginásios esportivos. Têm colchonetes e roupa de cama. Usam celulares, mas acham fraco o sinal do wi-fi.

Reclamam, mas querem implantar um regime de exceção.

Eu estive preso durante mais de cinco anos no último regime de exceção brasileiro, apesar de não ter sido condenado. Durante três anos e meio, fiquei em cela solitária. Não havia habeas corpus.

Na Polícia do Exército da Vila Militar, eu ficava nu em uma cela sem nada, tão pequena que não me permitia deitar no chão de ladrilhos. Conseguia ficar recostado/agachado ou em pé. A única água disponível era a da descarga do “boi” que dividia o espaço comigo. Comia com as mãos. Passava as noites em claro, tremendo de frio. Entrei com 17 anos e saí com 23. Nunca fui submetido a julgamento.

Eles querem que o Brasil retorne a esses tempos, mas só para os outros.

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Vi algumas cenas de desmontes de acampamentos bolsonaristas na frente de quartéis. Não sei classificá-las bem. São deprimentes.

Uma mistura de farsa, loucura, sofrimento, gritos, sujeira, brigas, xingamentos, encenações, choros, ameaças, melancolia, ausência de perspectivas, falas desconexas, invocações a seres sobrenaturais.

São exatamente como as cracolândias. O líder delas está na Disneylândia.

É incrível que essa trupe tenha pautado o Brasil nos últimos anos.

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O bolsonarismo está em declínio, mas é um movimento mobilizador.

O lulismo sempre foi desmobilizador.

Não bastam medidas burocráticas.

É preciso derrotar politicamente os canalhas.

Isso se faz mostrando que são minoria nas urnas e nas ruas.

Por Cesar Benjamin

  1. Realmente, é impressionante como este movimento mobilizador da extrema-direita conseguiu reunir essa horda de pessoas, dispostas a cometer crimes e terrorismos em nome de um ex-presidente covarde e fujão. Enquanto eles estão sendo detidos e passando por “humilhações” e clamando pelos “direitos humanos” (que eles abominam), o líder deles está hospedado na casa de outro “derrotAldo”, que foi humilhado em 13 segundos por um lutador irlandês num octógono de MMA. Ainda que com mentiras, teorias da conspiração e afirmação sem fundamento, o espectro do terror colocou o “pessoal da democracia” no bolso. O espectro esquerdista até hoje nunca fez uma mobilização de pessoas tão grande, para qualquer fim, quando as dos direitistas. Na guerra da internet, a esquerda perdeu feio para a direita e continua perdendo até hoje. E falando no Jair Messias Bolsonaro, ele só existe graças aos devaneios identitários e a arrogância prepotente do Partido dos Trabalhadores e de seu líder máximo, o Luís Inácio da Silva, vulgo “Lula”. O que definiu as eleições presidenciais do Brasil 2022, em primeiro e segundo turno, foi o ódio e a repulsa que o Lula provocou. Jair Bolsonaro sozinho não teria essa quantidade de votos que recebeu, apenas porque uma metade da população não queria o Sapo Barbudo de presidente pela terceira vez. E o neoliberal de vermelho venceu apertado no segundo turno, mas mesmo assim os petralhas não deixam de lado a arrogância e a prepotência pelo fato de terem vencido, principalmente para aqueles que foram votar na Terceira Via – eleitores de Ciro Gomes (que eu votei pela terceira vez), Simone Tebet (ministra de Lula à força) e outros. Luís Inácio da Silva vai ser vigiado como nunca e a cada erro que cometer, será massacrado, seja pela massa bolsonarista, seja pela massa da Terceira Via. E o PT vai continuar com o velho discurso e argumento identitário “pela democracia” (que só são democratas quando convém), condenando quem os critica, sob a pena da “volta do Bolsonaro”.

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