A bandidagem intelectual de Felipe Rigoni

A bandidagem intelectual de Felipe Rigoni
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Faço este texto numa madrugada que me exige o sono, mas uma última olhada no Twitter me deixou desnorteado.

O deputado federal Felipe Rigoni, do glorioso PSB – Partido SOCIALISTA Brasileiro, compartilhou um artigo d’O Globo em defesa do Liberalismo. Não, não é uma crítica ao PSB. O Partido Socialista Brasileiro é importantíssimo para a luta popular. Aqui no Rio é muito bem presidido pelo brilhante deputado Alessandro Molon.

Enfim.

Pior de tudo: Rigoni disse que a utopia nacional-desenvolvimentista é herança da Ditadura Militar (1964-1985).

De fato, o cidadão que passou tanto tempo em Oxford, usando e abusando de seu sotaque britânico, talvez tenha aprendido a história do Brasil na orelhada. Aliás, pior que falar com sotaque é pensar com sotaque.

A tal “utopia” do Nacional-Desenvolvimentismo vem da Revolução de 30. Aquela que criou quase todos nossos eixos civilizatórios. Justiça Eleitoral, voto feminino, salário mínimo, férias, investimento pesado na indústria de transformação – pública e privada. Enfim, o legado Getulista abriu os horizontes para o desenvolvimento e tratou a questão do trabalhador como sujeito político e com direitos.

Dessa maneira, o Trabalhismo, pela via Nacional-Desenvolvimentista, valorizou o setor privado nacional, o público e a classe trabalhadora.

Tudo isso muito antes dos generais financiados por dinheiro de fora, como o grupo do nobre deputado, darem o golpe de 1964.

Aliás, este golpe veio para desviar o Brasil do caminho trabalhista de 1930. As reformas de base e todo o plano de governo de João Goulart foram liquidados pelas generais que colocaram os maiores nomes do Liberalismo no Brasil para gerenciarem nossa economia.

Para o governo militar sobreviver, manteve algumas estruturas do passado, sim. Mas não era nacional, pois havia uma relação de submissão política e econômica com os EUA. Não era desenvolvimentista, pois não continuou avançando nas pautas dos trabalhadores, inclusive omitindo a inflação para não reajustar o salário mínimo – estopim para as greves de 1978.

O governo mais próximo do nacional-desenvolvimentismo foi o Geisel. Seu II PND teve muita cópia do plano de Jango, com a exceção das Reformas de Base, centrais para o Brasil ainda hoje.

Embora tenhamos uma Constituição com possibilidades de retomar o verdadeiro nacional-desenvolvimentismo do Trabalhismo, o Brasil viveu, na sua Nova República, o terraplanismo econômico e histórico.

A orientação de aprofundar a sanha liberal no Brasil depois de sua falência é pura insanidade. Ou maldade para quem não tem visitado os bolsões de pobreza pelo país.

A receita liberal falhou – ou deu certo se seu objetivo era castigar o povo brasileiro. No Brasil, nunca garantiu qualquer expectativa de desenvolvimento e diminuição nas desigualdades. Em 2021, “comemoramos” 6 anos seguidos do liberalismo tosco brasileiro no comando da nossa economia.

Preciso falar dos resultados?

Esta é a nova política: novas embalagens para antigos interesses. Interesses estrangeiros e de uma elite vagabunda.