Alexandre de Moraes é o novo Filinto Muller

Alexandre de Moraes e o novo Filinto Muller
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Por André Luiz dos Reis – Alexandre de Moraes representa o Filinto Muller da Nova República em sua fase de Democracia Militante. É a autoridade jurídico-policial encarregada do ”porrete” [contra os inimigos, os rigores da lei] não só contra golpistas, mas contra qualquer crítica ou alternativa ao sistema, que passa por profunda e contínua crise de legitimidade, tanto mais grave porque em um dos períodos de maior participação popular de nossa história.

A fragilidade ideológica levou à radicalização e concentração de poderes no STF justificada e resguardada por mitos desgastados e apresentados com adornos antifascistas: Crença de que a sociedade civil está em guerra contra as “pérfidas” Forças Armadas, vistas como símbolo do autoritarismo, hierarquia e “militarismo machista”; e apoio na figura do líder de massas.

Só que as Forças Armadas e as Igrejas são as instituições em que os eleitores mais confiam. [e ambas deveriam estar fora da política partidária e eleitoral segundo a ordem liberal em crise.]

E o líder já não é tão popular assim, pois comanda um regime fortemente associado à guerra cultural contra os valores da maior parte da população.

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Flávio Dino prepara um ”pacote pró-democracia” [leia-se, aparato repressivo da Democracia Militante] que inclui guarda nacional e ferramentas de controle de “material extremista” nas redes.

Mais um passo para a construção de um sistema iliberal. Mas sob comando de quem?

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Nem a prisão de centenas de pessoas, nem a punição de comandantes das polícias e de oficiais superiores das Forças Armadas, nem toda a vigilância nas redes sociais pode evitar a continuidade do conservadorismo nos próximos anos. Pode, no máximo, criar uma enorme panela de pressão.

Tentar eliminar a voz conservadora do debate público com a justificativa de ”defesa da democracia” é tirania. É tentar restringir mais uma vez a participação popular.

Bolsonaro não fala pelo conservadorismo. Será defenestrado, e a população conservadora continuará aí.

As instituições e o sistema político-partidário não são “propriedade” de progressistas. Sustentar o contrário é pedir por outra irrupção como a de junho de 2013. Nada aglutina mais a insatisfação popular que a defesa de valores. A economia moral é o elemento mais sensível do povo.

Por André Luiz dos Reis