Os acertos de Ciro Gomes na polêmica do voto impresso

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Por Pedro Makotto – Este texto tem por finalidade contrapor alguns pontos do artigo “Os erros esféricos de Ciro Gomes e o darwinismo democrático”, publicado em O Cafezinho, pontos que considero salutar, e vou me ater a estes somente pois o autor evoca desde darwinismo até matéria escura para florear uma retórica que considero fortemente enviesada.

Primeiramente, o autor inicia seu artigo insinuando uma “crise existencial” na candidatura de Ciro Gomes, parecendo que o simples fato de existir constitui um erro. Talvez considere a performance de Ciro nas últimas pesquisas eleitorais motivo suficiente para que se tenha que retirá-la, afinal de contas quase nada irá mudar até o dia do pleito, daqui a 16 meses.

Passado o questionamento se Ciro deve ou não ser candidato à presidência da República, o autor apresenta o verdadeiro cerne da celeuma: o alvoroço nas redes sociais causado por um vídeo publicado por Carlos Lupi, em que o mesmo defende o polêmico voto impresso. E considera este ato um erro grave, capaz de inviabilizar completamente as pretensões de vencer as eleições do aliado Ciro, este que também erra, segundo o autor, ao tomar para si as palavras do presidente nacional do PDT.

O autor passa o restante do artigo tentando descredibilizar quem procura formas de as urnas eletrônicas terem mais de uma forma de auditar os votos, tratando-os como teóricos da conspiração que afrontam o Tribunal Superior Eleitoral, instituição “de excelência, focada exclusivamente na segurança do processo eleitoral”.

Enfim, a partir daqui começo meu contraponto: antes de mais nada, recomendo fortemente que assistam à palestra do professor Diego Aranha, da Unicamp, sobre a (in)segurança das urnas eletrônicas.

Nesta palestra, Aranha demonstra, por A mais B, todo o processo de implantação do software que é inserido nas urnas e em quais etapas ele é mais suscetível a ataques maliciosos, e como o TSE tem atuado sistematicamente para que as equipes que testam as urnas contra ataques não desenvolvam seu trabalho como tem que ser, seja limitando o acesso às mesmas ou encobrindo eventuais falhas encontradas. O TSE tem adotado uma postura totalmente antidemocrática no que se refere à segurança do voto eletrônico, e conta com a completa conivência dos partidos, pois ninguém iria se colocar contra quem pode ameaçar suas existências.

A extrema-direita se apropriou do “voto impresso” e transformou em espantalho uma pauta que alguns anos atrás era ponto pacífico mesmo entre partidos de esquerda como PT, PSOL e PcdoB, e agora que o PDT tenta resgatá-la é tachado de “bolsonarista”. Este tipo de retórica rasteira é muito comum nos gabinetes do ódio petista.

Para além de erros e acertos, fato é que o ato fez com que o vídeo do Lupi fosse parar em diversos grupos de apoio ao Bolsonaro, furando bolhas que seria impossível se Ciro continuasse “pregando para convertidos”, como se diz no “politiquês” atual. Se deu certo ou não, só saberemos de fato em 2022.

Por: Pedro Makotto.