O atraso da modernização – como estribucha a oposição ao voto impresso

O atraso da modernização - como estribucha a oposição ao voto impresso
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O primeiro round da quarta batalha pelo voto impresso foi perdido fragorosamente pelo TSE e a elite liberal.

Seus representantes à direita e à esquerda resolveram requentar a velha estratégia dos últimos vinte e cinco anos, que é a mentira pura e simples.

Eles repetiram que o sistema atual é seguro e auditável, que voto impresso é a vontade das milícias para controlar o voto, que ele é o desejo dos coronéis para a volta do voto de cabresto, e outras canalhices correlatas.

Perdeu, playboy.

Com a entrada do PDT e PSB na defesa de uma vontade do Congresso e do povo brasileiro que já tem 20 anos, e com a divulgação via internet do verdadeiro projeto de Bia Kics que se trata de um único parágrafo claro e inequívoco, as pessoas foram descobrindo que foram enganadas, e que o voto impresso nada mais é que uma contraparte emitida em papel DA URNA ELETRÔNICA, que tem APURAÇÃO ELETRÔNICA, passa por um visor e é depositado em urna sem contato manual algum. Ele só serve para fins de auditoria, exatamente como o boletim de urna hoje (que é de papel, assim como a zerézima, viu, pessoal ecológico?)

A diferença, que alguns tem muita dificuldade em compreender, é que essa auditoria, AGORA NO VOTO INDIVIDUAL, no seu voto, começa a ser feita pelo PRÓPRIO ELEITOR, que só precisa para isso saber ler, e não saber o que é blockchain. Ele não tem mais que confiar no suposto técnico do TSE que garante que o software inserido na urna registrou corretamente seu voto. Ele o viu no papel e sabe que pode recontá-lo caso considere seu resultado estranho.

Da mesma forma, as pessoas, com o debate público, vão começando a descobrir que o sistema brasileiro nem é auditável em todas as suas etapas, nem é de fato auditado nas etapas em que pode ser.

Tendo perdido o primeiro round do debate sobre o voto impresso por escolher espalhar mentiras sobre ele (recibo, milícias, coronéis), agora os militantes do atraso encontraram um curioso aliado na sua luta para evitar a modernização do sistema brasileiro: a modernização. Sim, guiados pelo baluarte iluminista Barroso, dizem que o sistema tem é que se modernizar ainda mais, e não adotar uma tecnologia ultrapassada.

Boa meu caro gafanhoto, quem pode ser contra a modernização do sistema? Aprenderam, não?

Já perderam a narrativa.

Barroso propõe agora um sistema totalmente online, com votos por celular ou PCs protegidos pelas maravilhosas e infalíveis novas tecnologias das nuvens.

Esse pessoal não entende nada.

Tem uma estrutura autoritária, elitista, e aprenderam que o povo tem que acreditar neles e aceitar o que quer que eles digam, não precisam entender e se apropriar de nada, porque eles, eles são deuses, eles são a garantia.

Agora a dona Maria tem que acreditar em “blockchain”, e não no papel onde ela viu seu voto. Mas não, ministro Barroso. Aceite você o seguinte. Nós não acreditamos na rede, nós não acreditamos na nuvem, nós não acreditamos na segurança de seus níveis de segurança que foram VANDALIZADOS eleição passada por hackers. E nós temos esse direito.

O princípio básico da democracia – cada cidadão um voto – está sendo vilipendiado aqui. O cidadão tem o direito de ter certeza que em algum lugar, mesmo que no papel, seu voto foi registrado adequadamente. Ele não tem que acreditar em tecnocratas que, cá entre nós, não acreditam na segurança do sistema atual. Qualquer eleição que não respeite isso, é ilegítima.

E mais. Uma alteração do sistema brasileiro para o online deixa algumas questões fundamentais sobre a outra garantia da democracia, que é o voto secreto. Quando o voto for online, pessoas vão poder votar de dentro da empresa do patrão? Uma esposa sob o olhar de um marido autoritário (ou vice-versa)? Jovens da lan house do miliciano na favela?

Sim, imprimir papel, no Brasil, ainda é avanço sim, sabem porquê? Porque somos o único país que usa urna eletrônica e ainda não faz isso.

Isso nos faria ir da primeira geração de urnas eletrônicas, as DRE, para a segunda, as VVPAT.

Na verdade, eu não defendo isso. Eu defendo que adotemos a última geração de urnas, as urnas E2E, com voto em papel chipado e escaneado.

Mas para o sistema eletrônico de votação mais atrasado e inseguro do mundo, o brasileiro, que ainda funciona praticamente como há vinte e cinco anos atrás, a impressão de voto é um luxo. Alta tecnologia.