A moeda dos EUA como arma de guerra

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Por Cesar Benjamin – Há alguns anos, os Estados Unidos passaram a usar seu controle da moeda e do sistema de pagamentos internacionais como arma de pressão. O que sempre foi um instrumento de hegemonia tornou-se um instrumento de guerra. Empresas e bancos cubanos, venezuelanos, iranianos e coreanos do norte não podem nem pagar nem receber recursos do exterior, o que constitui um formidável mecanismo de asfixia econômica. O Brasil, com todo o seu território e seus recursos, não resistiria trinta dias a esse tipo de embargo, que é claramente ilegal. O tratado que instituiu o dólar como moeda internacional, no segundo após-guerra, não admite essa possibilidade.

Agora, a ameaça é contra a Federação Russa: se ela não aceitar passivamente que mísseis atômicos americanos sejam estacionados a menos de um minuto de Moscou, suas empresas e bancos serão expulsos do sistema internacional. Na prática, é um rompimento de relações, que ameaça seriamente a precária estabilidade de todo o mundo.

Tratei disso, sob o ponto de vista econômico, no primeiro artigo que escrevi para a Folha de S. Paulo, em fevereiro de 2008:

“Permanece em aberto a questão de saber se pode ser estável uma ordem internacional que gira em torno de uma moeda fiduciária emitida por um Estado nacional. Creio que não. Ela contém uma contradição insanável, pois o espaço de soberania de um único Estado passa a ser todo o planeta, sem que tenham sido construídas novas instituições de regulação. O preço disso são enormes tensões e instabilidades que se acumulam.”

É um texto bem pequeno. O número de toques era definido pelo jornal. Chama-se “Além da moeda”. A versão completa está neste link.

Por Cesar Benjamin