A eleição de 2022 e os limites institucionais

O cenário eleitoral ideal de Bolsonaro é enfrentar um Lula cheio de ressentimento no segundo turno, para aumentar o custo de sua derrota, com suas milícias de clube de tiro, PM e generais de pijama do Clube Militar, difundindo o medo do golpe "em caso de fraude".
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O cenário eleitoral ideal de Bolsonaro é enfrentar um Lula cheio de ressentimento no segundo turno, para aumentar o custo de sua derrota, com suas milícias de clube de tiro, PM e generais de pijama do Clube Militar, difundindo o medo do golpe “em caso de fraude”.

Mas é preciso que seja o Lula na cabeça da chapa; que o Lula esteja no “modo radical”; e que seja no segundo turno. Se algum desses pressupostos faltar, o esquema desmonta: se for Haddad ou Lula de vice do Ciro; se Lula estiver “paz-e-amor”; se Lula não for pro segundo turno.

Assim como Bolsonaro está fazendo o possível para que esse cenário aconteça, lembre que também tem muita gente fazendo o possível para que ele NÃO aconteça nos Estados, no Congresso e no STF. De maneira que o cenário ainda está em aberto.

Essa situação revela que as instituições ainda estão longe de funcionar a contento, porque supõe mais uma vez que a exclusão de Lula seria necessária para diversos atores para evitar a arruaça de Bolsonaro. É um cálculo que infelizmente pesará no julgamento dos recursos no STF…

Em suma, a força de Bolsonaro não reside em sua capacidade de dar o golpe, mas de parecer que o poderá dar em caso de retorno de Lula.

Ele intimida sempre pela ameaça de emprego da força, que só funciona se os outros acreditarem que ele a tem. Vai tentar fazer isso em 2022.
Mas a estratégia é muito arriscada, e a chance de fracassar é maior do que a de êxito. Lembrem que Bolsonaro é covarde, blefador e bufão; simula força sempre para intimidar; é sempre ambíguo em seu golpismo. Imitador de Trump, ele também é mais parasita do que algoz da democracia.

Por: Christian Edward Cyril Lynch.