Glauber Braga é meu amigo e meu companheiro. É deputado federal de fibra rara. Foi solidário, quando me vi atacado pela direita bolsonarista num depoimento na Comissão de Relações Exteriores da Câmara. Parlamentares do PT e do PSOL, membros daquele colegiado, lá não estavam e Glauber, incansável no combate, se fez presente, sustentando no verbo o enfrentamento com a escumalha fascista.
Tenho o maior respeito por ele e pelos que subscrevem o manifesto de lançamento de sua pré-candidatura à presidência da República. Gente do maior valor. Mas não entendo as justificativas para tal iniciativa neste momento.
Um gesto desses antecipa uma batalha que deve se dar daqui a um ano, não já. Trata-se de um ano numa quadra histórica que nos remete a uma frase de Lenin: “Há décadas em que nada acontece e há semanas em que décadas acontecem”. Estamos no “Agora, agora e mais agora”, título do exponencial podcast do jornalista português Rui Tavares (perdoem pelo congestionamento de citações num único parágrafo).
O ano que vem se decide no presente. Agora é essencial unir o maior espectro possível de correntes para bloquear os arreganhos fascistas. A extrema-direita elevou o tom dos ataques. Desafia o STF, realiza um extermínio social no Rio, tenta dar golpes no Congresso, tudo para encobrir o isolamento e o fracasso do governo Bolsonaro.
A união contra essa barbárie deve ser tão ampla como foi a aliança da União Soviética com dois impérios, o britânico e o estadunidense para triturar o nazifascismo.
Há motivos para se lamentar essa dinâmica de tanta gente boa.
No fundo, trata-se de um movimento que tem como objetivo externo bater em Lula e como meta interna reagrupar forças para o congresso do partido, a se realizar em poucos meses. O problema é que tal arranjo pode criar desnecessárias marolas e abrir feridas que não se fecham facilmente. Uma tristeza.
Vamos voltar ao agora, agora e mais agora!