O bolsonarismo armado move perigosamente mais uma peça no tabuleiro da instável conjuntura em que vivemos:
“Sem provas, a Polícia Civil responsabiliza decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) pelo avanço do crime organizado na favela do Jacarezinho, zona norte carioca, em relatório de inteligência obtido pelo UOL”.
Trata-se de acinte inaceitável. A tentativa é emparedar o Supremo, através de discurso de grande apelo para uma opinião pública apavorada com o aumento da violência. A acusação será, sem dúvida, reverberada pelos programas televisivos useiros e vezeiros em exaltar banhos de sangue contra comunidades pobres.
O bolsonarismo busca retomar a ofensiva diante do isolamento do governo, de forma brutal. Os lances são evidentes.
Na quinta (6), o subsecretário operacional da Polícia Civil, Rodrigo de Oliveira, concedeu entrevista coletiva, ao fim da chacina, acusando o “ativismo judicial” do STF como incentivador do tráfico de drogas. No sábado, o general Mourão, com a arrogância gorilesca que lhe é peculiar, sentenciou que “é tudo bandido”, ao se referir as vítimas. No domingo à noite, Bolsonaro solta um tuíte cumprimentando as forças de segurança pelos assassinatos. E agora, surge o tal documento sem provas.
Há quatro dias, os membros do STF – com destaque para seu presidente, Luís Fux – decidiram fingir-se de surdos. É o pior caminho.
Ou os excelentíssimos ministros mostram a que vieram, ou as milícias aboletadas no aparelho de Estado continuarão avançando contra a democracia.