60 anos da maior explosão da história, a ‘Bomba Tsar’ da URSS

60 anos da maior explosão da história, a 'Bomba Tsar' da URSS 4
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Por Lucas Rubio – Há 60 anos, em 30 de outubro de 1961, a União Soviética conduziu o teste nuclear que detonou a mais poderosa bomba termonuclear de todos os tempos – a Bomba Tsar.

Com nome técnico de RDS/RN-202, o que ficou conhecido popularmente como “Bomba Tsar” foi o dispositivo nuclear mais poderoso de toda a História.

60 anos da maior explosão da história, a 'Bomba Tsar' da URSS 4

A arma de hidrogênio de múltiplos estágios foi fruto de uma decisão de anos antes e envolveu grandes esforços científicos e técnicos para ser concretizada. A Bomba Tsar foi construída originalmente para ter a potência absurda de 100 megatons (100 milhões de toneladas de TNT), mas, entendendo que uma detonação desse tipo seria completamente catastrófica, as autoridades soviéticas reduziram o poder da arma.

O dispositivo, que pesava quase 30 toneladas, foi carregado por um avião bombardeio soviético Tupolev até o campo de testes. Às 11h32min do penúltimo dia de outubro de 1961, a RDS-202 detonou numa altura de 4 quilômetros com um poder absurdo de mais de 58 megatons na ilha de Nova Zemlyá, no Ártico soviético.

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A explosão foi tão poderosa que a bola de fogo foi avistada por pessoas a mais de mil quilômetros de distância. A 800 km do ponto zero, vidros de janelas se quebraram. A onda de choque da explosão contornou o planeta Terra 3 vezes. Instantes depois, na Nova Zelândia, uma estação meteorológica detectou uma alteração anormal da pressão atmosférica, resultado da detonação. Por mais de uma hora, todas as comunicações por rádio na região ártica ficaram fora do ar. O cogumelo da explosão alcançou a impressionante altura de 67 km. Surpreendentemente, o nível de contaminação radioativa foi praticamente nulo.

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O evento criou várias reações na comunidade internacional e parece ter alcançado um de seus objetivos: os EUA sequer tentaram produzir alguma arma no mesmo nível. A arma mais potente já testada pelos EUA chegou ao nível de 15 megatons, nada próximo dos 58 da Tsar. Os EUA afirmavam ter uma bomba com capacidade de 25 megatons, nunca testada.

Dois anos depois, EUA e URSS assinaram um tratado de banimento de testes nucleares atmosféricos. Desde então, os países só testam suas armas no subterrâneo.

A Bomba Tsar, na verdade, se revelou muito mais como uma arma política do que prática. Seu tamanho absurdo e logística extremamente complicada inviabilizavam um ataque real. Na época, a mentalidade apontava que uma boa arma era a que tinha maior potência, mas o tempo acabou provando que maior precisão, foguetes poderosos e ogivas em miniatura eram muito mais efetivos e viáveis.

Esse assustador teste em nada deve orgulhar alguém. Ele demostrou, é claro, o poder formidável da Ciência socialista, que já havia provado sua superioridade em inúmeros outros exemplos muito mais edificantes para a Humanidade. A Bomba Tsar é fruto de uma corrida nuclear doentia que possui sua lógica dentro de um contexto.

A melhor arma atômica é aquela que nunca é usada.

Por Lucas Rubio