VAZA-JATO: Moro orientou Dallagnol a vazar delação da Oderbrecht sobre a Venezuela

Sérgio Moro e Deltan Dallagnol vaza jato
Foto: Aílton de Freitas/Agência O Globo
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The Intercept publicou mais uma matéria da série Vaza-Jato. As mensagens mostram que os procuradores vazaram a delação premiada da Odebrecht que dizia respeito à Venezuela para a oposição venezuelana em 2017.

A ex-procuradora geral venezuelana, Luísa Ortega Díaz, divulgou vídeo de um diretor da Oderbrecht afirmando que doou dinheiro para a campanha de Nicolás Maduro como propina em troca de licitações no país, mas foi ocultado que a empresa também doou para o candidato oposicionista, Henrique Caprilles.

O então juiz Sérgio Moro propôs a Deltan Dallagnol: “Talvez seja o caso de tornar pública a delação dá Oderbrecht sobre propinas na Venezuela. Isso está aqui ou na PGR?”

Dallagnol ponderou: “Haverá críticas e um preço, mas vale pagar para expor e contribuir com os venezuelanos”. O procurador ainda propõe uma solução para contornar a ilegalidade do vazamento: “Naõ dá para tornar público simplesmente porque violaria acordo, mas dá pra enviar informação espontãnea [à Venezuela] e isso torna provável que em algum lugar no caminho alguém possa tornar público”.

Outro procurador, Paulo Galvão, demonstra preocupação em intervir ilegalmente num país vizinho que passa por uma crise política:  “Vejam que uma guerra civil lá é possível e qq ação nossa pode levar a mais convulsão social e mais mortes.” Mas Dallagnol insiste em transferir para a oposição venezuelana a responsabilidade: “PG, quanto ao risco, é algo que cabe aos cidadãos venezuelanos ponderarem. Eles têm o direito de se insurgir.”

O coordenador da Lava-Jato, Dallagnol, demonstra clara e abertamente para seus colegas que sua intenção é política e não jurídica: “Não vejo como uma questão de efetividade, mas simbólica.”

No dia 22 de agosto, Ortega, a ex-procuradora e opositora a Maduro, chegou ao Brasil, e o procurador Paulo Galvão comentou de forma jocosa que era a hora de vazar para ela a delação: “Vcs que queriam leakar as coisas da Venezuela, tá aí o momento. A mulher está no Brasil.” Duas semanas depois, em outubro, Ortega divulgou vídeos dos depoimentos de um diretor da Oderbrecht.

Após a divulgação dos vídeos, Mauricio Bezerra, advogado da Odebrecht, enviou mensagem para a Secretaria de Cooperação Internacional da PGR dizendo que o vazamento “aumentou significativamente o risco” de vida de funcionários da empresa na Venezuela.

Confira a íntegra da matéria do The Intercept.