STF tira do ar perfis do Facebook e Twitter, e quando formos nós?

STF tira do ar perfis do Facebook e Twitter, e quando formos nós
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Nesta sexta-feira (24), o Twitter e o Facebook cumpriram decisão do Ministro Alexandre de Moraes, do STF, para tirar do ar os perfis dos principais influenciadores do Bolsonarismo. A gama de infelizes conta com nomes como Bernardo Kuster, Allan dos Santos, Sara Winter, Ray Bianchi e outros congêneres.

Há no Brasil uma defasagem clara de percepção da realidade por parte das elites não bolsonaristas. Diversos portais ligados à oposição se aprontaram em louvar a canetada do Ministro mais poderoso do país. Tratam o STF como se fosse aliado, num delirante projeto unificador “antifascismo” que evidentemente não existe. Agem como se o STF precisasse de qualquer acordo com o campo popular para continuar seus desmandos. O mesmo STF que chancelou o golpe no trágico governo Dilma, o criminoso teto de gastos inconstitucional e inúmeros outros abusos institucionais por parte da Lava Jato. E ainda há quem acredite em bom mocismo.

O Poder Judiciário no Brasil atua como uma casta independente da realidade nacional. Não possuem voto, são na imensa maioria homens e mulheres de origem aristocrática, concurseiros playboys bancados com o sangue do trabalhador brasileiro. Seus salários exorbitantes, absolutamente incompatíveis com qualquer decoro moral, são uma afronta à miséria que se abate sobre boa parte de nosso povo.

A Lava Jato é a frente mais autoritária do projeto de poder da elite brasileira. Mais até que o bolsonarismo, que possui visível apoio popular das classes baixas. O projeto da Lava Jato pode não ser o mesmo do STF, mas possui o mesmo eixo-teórico autoritário: tutelar a República sem precisar do voto popular.

Bolsonaro possui voto. Gostemos ou não, foi eleito com as regras do jogo, chancelado por boa parte da população brasileiro. Seu núcleo radical é indissociável do personagem que compõe no ideário popular. São a mesma coisa. Bolsonaro é um radical eleito por ser radical. Destituí-lo do trono exige um esforço verdadeiro de convencimento popular e esgotamento político. Canetadas de playboys só fortalecem o discurso anti-establishment do bolsonarismo. Os blogueiros bolsonaristas exercem a função de empurrar o governo para seu eixo mais radical. O novo jogo político do mundo das redes possui essa peculiaridade. Já era assim nos governos petistas. O arcabouço alternativo-midiático tensiona os governos arregimentados pela inércia centrista ao seu núcleo mais ideológico.

Não seria irreal supor, por exemplo, que, em um improvável governo “radical” de esquerda, o mesmo establishment operasse para impedir a atuação das mídias ligadas ao esquerdismo. Impedir-se-ia, assim, a comunicação do núcleo mais ideológico com o projeto vencedor nas urnas.

Calar os adversários é uma má ideia. Não moralmente – isso não interessa, em absoluto. É burrice pois ignora a legitimação tácita que se dá ao poder mais autoritário da República, responsável pelas piores atrocidades constitucionais possíveis. Empoderar o maior adversário do povo.

Não surpreende vindo de uma esquerda absolutamente insignificante, incapaz de aglutinar qualquer um que seja. Uma esquerda sem um discurso popular e que conta com a ajuda de ministros conservadores para tentar calar – sem sucesso – seus adversários. Como se adiantasse alguma coisa.

Talvez aprendamos quando a Lava Jato efetivamente assumir o poder o botar-nos todos dentro da Papuda. Com a acusação vaga de “terrorismo” e com direito a manchete favorável nos jornalões. Aí o sonho de boa parte do nosso campo estará completo: terá uma cadeia pra chamar de sua.

STF tira do ar perfis do Facebook e Twitter, e quando formos nós

  1. Claro, o STF é um antro de privilegiados do sistema que atuam para a manutenção do status quo e das regras do jogo, ninguém aqui acha que o Supremo de repente virou progressista.
    Mas o que o STF tem feito é defender as regras do jogo, as mesmas regras que os partidos de esquerda aceitam jogar quando se submetem à campanha eleitoral. Os sites de extrema-direita violaram estas regras, e por isso foram punidos. Se um dia a esquerda institucional chegar novamente ao poder, deve também saber seguir os ditames da democracia burguesa e seus limites, sob pena da mesma punição destas instituições.
    É aceitar o jogo ou partir para a clandestinidade revolucionária, não tem jeito. Não dá pra pregar extremismo dentro do sistema, seja de esquerda ou de direita e imaginar que não haverá nenhuma reação.

  2. Quer dizer que eu tô vendo alguém da esquerda do Portal Disparada um tanto que achando ruim que o ativismo bolsonarista foi calado da maneira que foi calado? É sério mesmo?

    Faço uma pergunta ao articulista: será que outra medida teria sido eficaz e boa o suficiente para que essa ralé retorne ao esgoto da qual surgiu? Será possível lidar com um valentão a pão de ló?

    Francamente, a forma de pensar do articulista me parece ingênua demais quanto a que tipo de gente estamos a lidar e que pretensamente querem ser uma corrente de opinião na vida pública brasileira, onde em qualquer outro momento um pouco mais razoável de nossa pública e com reais e interessantes pensadores, essa cambada não ousaria seguir abrir a mínima fresta do esgoto. Vagabundo tem que ser tratado de acordo, sem cerimônias.

    Agora, em relação a nossa suprema corte e ao Judiciário em geral, acredito que estão numa encruzilhada e num caminho desacertado, tal como estão a plutocracia e seus jornalões, o direitismo ilustrado e a classe política tradicional brasileira: cada um por seus motivos, apostaram no vale tudo para tirar um intrujão dos salões e do núcleo duro da discussão da vida brasileira. No descolamento da realidade que essa gente tem da vida real e me arrisco a dizer pelo caso Bolsonaro, da própria incompreeensão da própria política e da condição humana diante do poder, agora colocaram um cachorro louco pra latir e morder, acreditando esses bostéticos (expressão de minha terra para pessoas intragáveis e arrogantes) agora viram que não se pode tirar um cachorro louco da coleira e achar que ele vai morder o que você o treinou para tal e depois ele vai voltar mansinho pra você. Cachorro louco uma tirado da coleira não se preocupa com nada a não ser ele mesmo e sair mordiscando o que vê pela frente, só tendo dois antídotos pra ele: pau e bala. É assim que se matavam pitbulls e rotweillers que saíam por aí mordendo as pessoas no Brasil nos anos 90 e começo dos anos 2000.

    O problema é que agora esse cachorro louco saiu mijando no máximo de postes que podia e sua matilha de filhotes sarnentos também fizeram questão de encontrar o máximo de pulguentos miseráveis para se protegerem uns aos outros e como não possuem nada a perder, sabem o caminho das pedras necessários para na sua lógica despudorada e de matilha, sobreviverem.

    Para além disso, acho que cabe uma reflexão que paira acho eu na filosofia do direito. Qual o sentido de uma punição, se ela não pode ser extremada e levada a cabo nas últimas consequências? A meu entender essa cambada só recebe o que lhe é devido e o ideal seria o dano moral e a cadeia pra alguns deles, fora o alerta da obliteração da história o qual se propõem vergonhosamente fazer e o pior, envenenam a cabeça da juventude.

    Nenhum direito ou valor pode ser tomado em absoluto, se queremos viver em comunidade: nossos direitos tem de ser tão iguais e equivalentes a nossos deveres e as consequências dos atos que praticamos. O problema é que quem deveria sopesar os fatos, fazer a retrospectiva deles, manter – se calado, resoluto – e por isso preservado – já demonstrou inúmeras provas cabais da total desmoralização em atitudes torpes e questionáveis, muitas vezes atreladas a uma profunda mediocridade intelectual e de total afastamento da realidade de um país que pouco ou nada compreendem, que olham com desdém e desprezo a seu povo e a história da nação a que pertencem, muitas vezes como se demonstrou, esquecendo – se de suas atribuições.

    Ainda assim, no grosso modo, o autor do texto da certíssimo numa coisa: a incompetência da esquerda e sua mediocridade na compreensão do embate que essa sofrida nação está se deparar. Pessoalmente sou igual a Glauber Rocha: só o fuzilamento e a morte para por fim numa geração estéril e perdida ou no identitarismo, na conversa de intelectual de sovaco de livro ou pervertida pelo ideal do vil metal do neoliberalismo.

    A História ainda será contada com detalhes sobre o STF e sua participação no golpe de 2016 e dessas lutas intestinas que hoje testemunhamos. Acredito que grande parte dos ministros estão numa situação periclitante de chantagens e vacilações e estão um tanto que pendendo para a bola da vez no poder ora usa o espírito de corporação para serem mais ou menos vertebrados nas decisões que proferem.

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