Roda Viva: João Doria x Márcio França

joão doria e márcio frança no roda
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O tradicional programa Roda Viva, em formato especial, apresentou nesta segunda-feira duas entrevistas com os candidatos ao Governo de São Paulo. Após uma ressaca eleitoral, DISPARADA através deste espaço irá contribuir para o debate democrático cobrindo os maiores eventos deste final de eleição, bem como os bastidores da formação do novo governo. Isso se o “novo governo” não fechar nossa revista antes.

O programa foi dividido em dois. Cada entrevista teve a duração de uma hora. O governador Márcio França foi o primeiro entrevistado.

Márcio França foi bombardeado por todas as deficiências da máquina estadual, que ele só assumiu há 5 meses. Os entrevistadores tentaram o colocar na parede diversas vezes. O novo governador possui profundo domínio da máquina pública e conhece os números de cabeça. Lembrou em partes Ciro Gomes com sua fluência de dados professoral.

França fez uma defesa da boa política, moderada, educada e que busca um consenso mínimo entre os diferentes pontos do debate nacional. Mostrou-se leal aos tucanos que o colocaram lá, elogiando Alckmin e defendendo-o de forma veemente de todos os ataques tocantes à corrupção.

O ex-vice governador de São Paulo é um politico conciliador, de fala mansa e pouco afoito às declarações bombásticas. Faz uma defesa do governo atual do Estado, diferenciado-se dos tucanos quanto ao viés social, principalmente no tocante à educação, onde propõe mudanças significativas, como o aumento real do piso dos professores, a escola digital e o ensino técnico para todos os alunos da rede pública.

O candidato procurou desvencilhar-se da “pecha” de esquerdista, dada pelo seu oponente. São Paulo foi responsável por depositar milhões de votos na conta de Jair Bolsonaro. Se França aceitasse o apoio petista ou fizesse qualquer aceno ao eleitorado à esquerda neste segundo, seria um imbecil.

A entrevista fluiu com certa tranquilidade. Em tempos de guerra de loucos, o manicômio paulista parece ter alguma salvação. Um político que honra o sentido da palavra, advindo de um partido cuja história patriótica é conhecida.

O ex-prefeito João Doria, por sua vez, fala rápido, querendo livrar-se das palavras. Lembra um aluno colegial que decora o trabalho minutos antes da aula. Um aluno com sapatos mocassim e terno importado. O aprendiz do nosso neofascismo pardo representa o que há de mais espúrio na política nacional. Doria junta um autoritarismo tacanho de garoto mimado dos Jardins junto com a prepotência de um lobbysta de sucesso.

O ex-prefeito não conseguiu explicar seu apoio ao capitão supremo comandan.. – já estou tentando me habituar com a censura e as bajulações governamentais do novo regime – Jair Bolsonaro. Ria, desconversando, cada vez que provocado com uma declaração de nosso futuro presidente. Principalmente àquelas mais humanitárias como “eu sou favorável à tortura”.

Doria defendeu Bolsonaro, dizendo que “todos podem melhorar” e outras baboseiras que ele deve ter tirado de seu livro “Lições para vencer”(Ed.Gente, 2001). Creio que ele deve ter omitido de seu leitor a “lição” de apoiar psicopatas e torturadores em troca de um punhado de votos.

O candidato João Doria deixou seu recado ao partido. Disse, quando questionado sobre os expurgos que fez através da Gestão executiva do PSDB municipal: “todos que não pensarem desta forma (liberal) que procurem outro partido”. O liberalismo leninista de João Doria não convenceu ninguém.

Durante o resto programa, o candidato não apresentou nada de concreto. Disse coisas vagas como “diminuir o estado” e “desburocratizar a máquina pública” sem dizer quando e nem como faria isso. Limitou-se a chamar o insuspeito Márcio França de socialista e prometeu focar-se somente ao governo estadual. Assim como fez em 2016, quando prometeu focar somente no município de São Paulo. João Doria abandonou o cargo menos de 500 dias depois. A palavra de Doria dura menos que seus preenchimentos faciais.

São Paulo terá a chance de voltar a ser o condutor do país se deixar de ser conduzido por políticos que não tenham compromisso com as peculiaridades de um Estado cujas demandas são de um país. O estado de São Paulo tem a chance de ser um porto seguro em meio à tempestade. Esta coluna espera que o cidadão paulista pese a importância de seu Estado no dia 28 e não entregue-o para nenhum navegante aventureiro. Principalmente os navegantes que abandonam o barco.