Ontem o STF decretou a legitimidade do inquérito das fake news em sessão com declarações duras dos ministros contra as milícias digitais do bolsonarismo. Notórios inimigos como Gilmar Mendes e o lavajatista Luís Roberto Barroso fizeram coro em uníssono em defesa das instituições democráticas. A corte está unida em torno de Alexandre de Moraes que está tocando o terror para cima da rede de extrema-direita de Bolsonaro. É uma verdadeira aliança conjuntural entre a política e o lavajatismo contra o bolsonarismo.
Além do inquérito sobre ataques virtuais ao STF que atingiu blogueiros como Allan dos Santos, empresários como Luciano Hang (o “véio da Havan”), e deputados como Carla Zambelli, há também um inquérito sobre atos contra a democracia e a Constituição, que atingiu agitadores de baixo escalão como Sara Winter, que finalmente conseguiu sua prisão para fazer campanha eleitoral.
Hoje acharam o Queiroz. Ele estava em Atibaia, mas não no “sítio do Lula”, e sim em imóvel de Frederick Wassef, o advogado da família Bolsonaro. O advogado, que mais parece um capanga da Cosa Nostra saído de um filme de Martin Scorcese, já havia tripudiado quando perguntado se sabia onde estava Queiroz: “Eu não sei, não sou advogado dele.”
Em uma operação midiática de fazer inveja ao ex-delegado foragido Protógenes Queiroz, que costumava convidar a imprensa para assistir suas operações, Queiroz, o Fabrício, assessor, motorista, e amigo íntimo da família Bolsonaro, foi filmado enquanto era preso pela polícia civil de São Paulo e enviado ao Rio de Janeiro, onde é investigado no inquérito das rachadinhas do então deputado estadual, hoje senador, Flávio Bolsonaro.
O cerco sobre o bolsonarismo aumenta a cada dia. Nesta semana houve uma verdadeira blitzkrieg com prisões e quebras de sigilo nos inquéritos no STF, e agora, o advogado não apenas do senador, mas também de seu pai, o Presidente da República, foi pego na mentira e escondendo o homem que é a peça chave dos esquemas de corrupção da família no Rio de Janeiro. Queiroz e Flávio Bolsonaro não são apenas acusados de roubar dinheiro da ALERJ, mas de ter conexões com as milícias cariocas.
O cerco é total, e ninguém mais tem medo do “truque do golpe“. Os militares com cargos no governo vivem sendo humilhados a exemplo de Paulo Guedes gritando na reunião ministerial contra qualquer iniciativa de Braga Netto na economia, ou sendo xingados por Olavo de Carvalho dos EUA. Na ativa, Pujol, o comandante do Exército, bem como os comandantes das outras forças, não movem uma palha pelo bolsonarismo, e apenas continuam suas atividades cotidianas sem qualquer agitação nos quartéis.
Bolsonaro ainda sobrevive enquanto mantém negociações de cargos e emendas com o baixo clero do centrão, e os 25/30% de base social nas pesquisas de opinião. Mas com o desastre econômico e sanitário se agravando a cada dia, com o cerco judicial se fechando sobre ele e sua família, e com os duros golpes sofridos em sua estrutura digital, vai ser um desafio colossal terminar o mandato. Depois de tanto apostar no caos e na desestabilização das instituições, agora é Bolsonaro que precisa desesperadamente de um cessar fogo e da normalização nas relações políticas.