O ‘Projeto de Nação’ e o baixo nível intelectual do Alto-Comando Militar

O Projeto de Nação e o baixo nivel intelectual do Alto Comando Militar
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O tal “Projeto de Nação” dos Institutos Sagres, Villas-Boas e Federalista, ligados ao Alto-Comando militar, não apenas é muito ruim, é esquizofrênico.

Diz ser um “Projeto de Nação” mas reiteradamente advoga o liberalismo, que é, por definição, avesso a qualquer ideia de projeto e de nação, e defende a desnacionalização econômica em todos os setores, transformando o Brasil em mendigo de “investimento estrangeiro”. Diz combater o globalismo, mas propõe integrar o Brasil à OCDE e várias outras medidas defendidas por instituições globalistas como o Banco Mundial e o FMI, como o EAD, a municipalização do ensino, a priorização da “Indústria 4.0” (base tecnológica do Great Reset) e a substituição da universalidade dos serviços públicos pelo princípio da subsidiariedade.

Chega ao ridículo quando narra no presente do indicativo os supostos eventos futuros de 2035 e prevê, em 2027, uma pandemia do “Xvírus”, confundindo planejamento com futurologia.

Não é que não existam pontos positivos, como, por exemplo, a valorização do civismo, do patriotismo e da história brasileira, o fim do ativismo judicial e o combate à campanha internacional contra o agronegócio. Porém, nada disso é minimamente concebível sob o liberalismo e a integração, ou melhor, entregação do Brasil a dinâmicas e comandos externos.

É preciso que haja um Estado forte e intervencionista para zelar pelos valores nacionais e proteger os setores produtivos nacionais da concorrência estrangeira.

O “Projeto de Nação” revela, enfim, o baixíssimo nível intelectual do Alto-Comando militar, incapaz de entender o que é, de fato, um Projeto de Nação, tomando-o como um rótulo vazio, como uma grife, para denominar o seu liberalismo e globalismo.

Conseguem ser intelectualmente piores que os membros do Instituto Mises, que defenderiam as mesmas coisas mas sem o nome “Projeto de Nação”, que eles pelo menos sabem o que é e como é incompatível com o que defendem. O que se torna ainda mais grave por as Forças Armadas terem tido uma longa tradição de pensamento estratégico. Os Planos Nacionais de Desenvolvimento dos governos militares foram impecáveis, com muita racionalidade e sem esquizofrenia e misticismo. Eles têm que ser esfregados na cara dos generais que assinaram o tal “Projeto de Nação”.