Observatório Trabalhista – uma oposição de verdade

Observatório Trabalhista – uma oposição de verdade
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O Observatório Trabalhista do PDT é um marco temporal na postura oposicionista. No Brasil, tanto partidos de esquerda, de centro e de direita, quando se encontram na situação de oposição, nunca se preocupam em dar racionalidade a própria função de opositor. Ser oposição sempre foi encarado como uma questão de poder, não de importância. Reduzido ao ato rebelde e pueril de se opor por querer se opor. Ou na linguagem política, ser oposição se justifica automaticamente pelo fato de não ser situação. Esse costume, na prática, representa um atraso na democracia brasileira e não atinge funcionalidade alguma, deixando a situação praticamente na zona de conforto.

A costumeira oposição vazia de argumentos, propostas e estudos analíticos assume um caráter prático de implicância. Assim, além de não contribuir para construção democrática como um todo, não alcança o seu principal objetivo que é se opor. Ao contrário, uma oposição sem base fortalece a situação. Cada vez que um meme, um desaforo solto ou uma lacração assumem o centro do debate opositor, a situação consegue nessa fresta a justificativa para dialogar com seus eleitores e manter ativo o grupo de apoio ao governo. Durante o processo eleitoral isso já ficou claro e foi pouco lido pela oposição. O movimento “Ele não” que era para ser de desidratação a imagem do então líder das pesquisas, teve efeito contrário e deu maior visibilidade e coesão a Bolsonaro. E o panorama segue na mesma toada. Se opor sem apresentar argumentos é clarear a confusão dos eleitores, pois os mesmos elementos utilizados como motivos para construção da retórica da oposição vazia, são utilizados paralelamente para justificar a escolha da maioria em Bolsonaro e assim fortalecer o governo. Nesse tiroteio de egos e embate de vaidades, os eleitores se confundem e preferem continuar ou no lugar que já estão, na situação, ou em lugar nenhum.

Com ampliação do acesso a informação promovido pelas redes sociais, o leque de ativistas políticos de um grupo e do outro também se expandiu. Entretanto, a oposição vazia só serve para divertir quem já é oposição. Funciona como uma espécie de consolo mental que amenize a amargura de não ser situação. Nesse sentido, os militantes exercem uma oposição de aparência, sem força prática de mudar o panorama eleitoral.
E tem sido essa a tônica da oposição brasileira. A disputa por curtidas, compartilhamentos e espaços na mídia televisiva e virtual gerou uma corrida desenfreada por visibilidade entre os opositores que escolheram lacrar sem informar.

É contra esse movimento de oposição de ódio, invejosa e anêmica que deve ser enaltecido o Observatório Trabalhista. Pois como a sabedoria popular já afirma, contra fatos não há argumentos. Não tem como a situação se proteger de uma oposição propositiva e argumentativa se o próprio governo não reconhecer em que ponto está errando e o que tem que mudar. Com isso, tornam-se evidentes as fragilidades e intenções do governo que tem na falta de projeto e de soluções para os reais problemas do país seu real obstáculo. Ao apresentar dados, o observatório mostra a população que ser oposição é uma cobrança justa por soluções. Todo político tem como obrigação apresentar atos que justifiquem a confiança do seu eleitor. Quando o observatório trabalhista desnuda a veste da teatralidade política, a relação entre eleitor e eleito atinge uma nova esfera, pois a situação de depara com a difícil tarefa de escolher uma roupa que agrade seu próprio grupo de apoio, ou seja, responder como corresponder com a demanda popular. Nunca na história brasileira se teve uma oposição que tentasse informar, propor e apresentar argumentos. O Observatório decidiu não subestimar a inteligência das pessoas e sair do lugar comum, levando-as a entender os motivos de seu dia a dia não melhorar. Por isso, é necessário dar voz ao Observatório Trabalhista. A oposição vazia que tem sido feito até então pode até fazer sucesso no universo do humor e na disputa por popularidade virtual, mas no mundo real em que o desemprego, a fome e a baixa expectativa de futuro assombram os brasileiros, é a oposição do Observatório que refinará o debate político na busca por um país melhor.