O partido militar tentou um golpe sim

O partido militar tentou um golpe sim-min
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Por Cesar Benjamin – Não estou acompanhando a evolução das investigações sobre os acontecimentos de Brasília. Espero que estejam avançando com seriedade e celeridade. Já está claro que não houve uma explosão espontânea de uma pequena multidão. Houve planejamento, financiamento, estratégia e muita cumplicidade. Era, de fato, o começo de um golpe de Estado. Tudo tem que ser apurado até o fim.

De todas as cumplicidades, a mais preocupante é a das Forças Armadas. A sociedade brasileira não pode ser fraca diante de um partido militar que se mantém mobilizado e mostrou-se capaz de ousar articular um golpe em seguida às eleições. Se puder, tentará de novo adiante, em melhores condições. Esse partido tem que deixar de existir, para que as Forças Armadas se integrem na vida de uma sociedade democrática.

Não creio que um governo que mal começou tenha instrumentos para levar uma investigação desse nível até o fim e tomar todas as medidas necessárias de saneamento. Apesar de reconhecer os enormes problemas do nosso Parlamento, o instrumento ao alcance da sociedade brasileira para preparar isso é uma Comissão Parlamentar de Inquérito que jogue luz sobre todos os participantes, por ação ou por omissão, inclusive generais. O partido militar tem que ser derrotado, antes que volte a se levantar.

É hora de uma ampla negociação política em torno dessa causa.

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Acabo de ver as cenas mostradas no Jornal Nacional de hoje e fiquei pensando aqui.

Sabem qual é uma das consequências de Forças Armadas que se metem em política, que apoiam candidatos, que ocupam cargos civis aos montes, que ficam planejando desestabilizações, que procuram boquinhas, que se mobilizam para liderar lúmpens, desocupados e bandidos?

Tornam-se Forças Armadas de merda, que só servem para ameaçar e perseguir civis desarmados.

A tecnologia militar contemporânea é extremamente complexa. Muita engenharia, muita eletrônica, muita automação. Isso exige treinamento de alto nível em tempo integral. Cada oficial do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica tem que ser um baita profissional, integrante, na sua área, da elite intelectual do país.

Estou certo de que a maioria dos militares brasileiros gostaria de se dedicar ao seu ofício, ter orgulho de sua capacitação, viver como profissional da defesa nacional.

Uma minoria de canalhas com a cabeça torta, entre os quais alguns generais, impede isso.

Civis e militares só têm a ganhar se o país se livrar desses estrupícios. Tá na hora.

Xô partido militar.

Por Cesar Benjamin