O equívoco de Guilherme Boulos

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BOULOS nos revela muito em entrevista para O Globo neste domingo. Revela, principalmente, o que considero um grande equívoco dos que se pretendem esquerda combativa, em sua busca de alianças “amplas”. E, como exemplo prático, vale relembrar a trajetória derrotada em primeiro turno de Marcelo Freixo no Rio de Janeiro.

Não entendo como correta, nem positiva para a luta anticapitalista que deve nortear nossos movimentos táticos, uma regressão política, retórica, em direção aos segmentos mais conservadores da sociedade. Dizendo o que quer ouvir o alienado, como algo que permita uma ação coerente posterior. Coerente, reitero, com os objetivos de um Partido Socialista que não se pretenda apenas legenda identitária, sem perspectiva de universalização das diversas lutas sociais. E muito menos legenda limitada a um eleitoralismo raso, degradador do conceito justo de paarticipação na luta institucional.

O PAPEL DA LIDERANÇA de esquerda não pode ser tão minimizado. Mais justo é se valer do tempo privilegiado que uma campanha majoritária lhe proporciona para, por meio da discussão, apresentar os argumentos que convençam essa parcela mais alienada da sociedade de que não pode melhorar sua condição social votando em quem, trabalhando eleiotoralmente sobre suas frutrações pessoais, opera contra seus interesses mais essenciais no momento de deliberar.

COMO SE JUSTIFICA que a direita consiga convencer assalariados de classe média, ou dos segmentos mais vulneráveis, a votar a favor das contra-reformas da Seguridade Social e dos Direitos Trabalhistas? Mais grave ainda. Não só votar nas eleições que se sucedem, mas participar de mobilizações coordenadas e financiadas pelo patronato, com o apoio, é claro, do jornalismo vendido da mídia corporativa, ornado pelos patos inflados da pior FIESP.

PROPOR O QUE OUVIDOS alienados acatam é se tornar, de certa forma, cúmplice da alienação. É sobre uma base social alienada, conservadora, que Boulos pretende governar a capital do mais rico Estado da Federação? É aceitando privatizações de empresas públicas e serviços essenciais que ele construirá caminhos para uma sociedade mais justa e democrática, no plano nacional? Porque é isso que terá como discurso se tentar “ocupar espaços da centro-direita”.

QUE A DIREÇÃO partidária se assuma diante desse movimento individual. Vai realizar um Congresso apenas para ratificar o que tudo estiver deliberado antecipadamente por Boulos, ou vai propiciar um espaço de discussão e deliberação coletivo, com o qual o próprio Boulos possa interagir?

SE FOR DIREÇÃO, se obriga a aplicar os princípios consagrados nos documentos fundadores do Partido. Luta que Segue!

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