Núcleo duro do bolsonarismo é 12% segundo Datafolha

Uma flecha vermelha, em formato de linha de gráfico, apontando para baixo.
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A Folha de SP fez um importante cruzamento de dados da pesquisa Datafolha que soltaram essa semana a fim de entender qual é o núcleo de ”Bolsonaristas heavy”, ou seja, aquele estrato da população que realmente veste a camisa do Reino dos Bozós pro que der e vier.

O resultado coincide em parte com o que tenho dito intuitivamente por aqui. Os bozós em sentido estrito ficam abaixo de 15% da população. Segundo o Instituto, são 12% dos brasileiros maiores que 16 anos.

Esse é o grupo dos que consideram o atual governo não apenas bom ou ótimo, como confiam plenamente na palavra de Bolsonaro, acham que ele se comporta sempre como exige o cargo, tem expectativa que o mandato seja um grande sucesso, aprovam maciçamente o desempenho do governo nas mais diversas áreas e concordam com as frases estapafúrdias que o presidente solta.

Em relação à média da população, esse grupo tem um percentual maior de homens [57% contra 48% da média do eleitorado] e brancos [45% a 33%]. Tem renda superior a 3 SM [50% contra 31% da média do eleitorado]. Eles se concentram nas faixas etárias mais idosas [um terço tem mais de 65 e metade tem mais de 35 anos].

Em relação ao corte religioso há um dado interessante. O núcleo duro de bozós não apresenta grande divergência religiosa da média da população. 52% deles se dizem católico-romanos, contra 51% da média do eleitorado maior do que 16 anos. 36% se dizem evangélicos, média apenas ligeiramente superior aos 32% da média da população com direito a voto.

Ou seja, o núcleo duro dos bozós NÃO É EVANGÉLICO. O que não implica que não seja religioso e pautado por uma certa guerra de ”valores” e de ”costumes”, como tenho apontado há tempos.

O jornal também analisou o estrato seguinte de apoiadores do governo, que não fazem parte desse exército fanatizado que é leal ao presidente, mas que tende a apoiar o governo ainda. São os ”entusiastas médios”. Eles seriam 22% da população, e, segundo a Folha de SP — que não apresenta números estritos pra esse segmento, os evangélicos são muito mais hiper-representados aqui. Eles tendem a ser otimistas quanto ao futuro do governo, e tendem a avaliar o desempenho do Reino até aqui como regular. A maioria condena as frases polêmicas de Jair Bozó e um quarto declara que, caso as eleições fossem hoje, mudariam o seu voto.

Como a Folha não apresenta os números para esse segundo segmento, fica difícil avaliar. Mas a matéria do jornal declara que é nesse grupo de ”entusiastas médios” que se concentra mais fortemente a massa evangélica. Ou seja, eles não são bozóminions, discordam de muita coisa que o presidente diz e faz, tendem a ver o atual governo como regular, mas ainda assim mantém seu apoio. Por que será?

No outro extremo dos ”bozós radicais”, há uma imensa faixa da população que se opõe ao Presidente de forma extrema. Ela é muito maior do que o núcleo duro de bozóminions, e chega a 30% do eleitorado. São os que não votaram nele, avaliam negativamente seu governo, consideram calamitoso o desempenho do Reino nas mais diversas áreas, reprovam maciçamente as declarações do presidente, nunca confiam no que ele diz etc.

Nesse grupo, há proporcionalmente mais mulheres do que a média do eleitorado [59% a 52%], negros [20% a 14%] e bem menos evangélicos [20% contra 32%]. Há uma leve proporção maior de católico ramos [56% a 51%]. Não existe diferença significativa quanto ao fator renda, segundo os gráficos do jornal.

Por André Luiz Dos Reis