O consenso do neoliberalismo assistencialista de Lula e Bolsonaro

O consenso do neoliberalismo assistencialista de Lula e Bolsonaro
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Lula acertou em cheio, para mim foi o melhor momento dele nos últimos anos, quando ele disse que MEI é trabalho mas não é emprego e que, por isso, não poderia ser contabilizado no cálculo da população empregada. Por experiência própria como operário sindicalizado, ele sabe que o emprego é a dignificação institucional do trabalho obtida com o desenvolvimento.

O pleno emprego é a verdadeira abolição da escravidão e da servidão. Contudo, em função de tudo que o país vem passando recentemente, muita gente, principalmente mais jovem, não sabe o que é emprego, só trabalho, de modo que chegam a suspeitar que a carteira assinada seja uma artimanha do governo para tirar dinheiro dele.

Bolsonaro incentiva essa ruína e aposta nela para ganhar voto exaltando a informalidade e a precarização que resultam necessariamente das opções políticas do seu governo neoliberal (termo que infelizmente caiu em desuso).

Se Lula parece resignado ao dizer que não sabe como criar empregos na quantidade de antes, Bolsonaro se sente claramente muito à vontade para dizer que criar emprego não é com ele e que “cada família deve dar o seu jeito” (palavras dele acho que até antes da pandemia).

Não admira que, nesse cenário de muito trabalho e pouco emprego, o horizonte de vida de muitos seja viver eternamente de auxílios, como eternos pedintes do governo. O assistencialismo torna-se então um consenso político, e, a colocação em prática do “quem dá mais” eleitoreiro faz com que a pessoa que queira se dedicar a ter um emprego seja tida como otária.

O aprofundamento do neoliberalismo, que prometia “liberdade”, faz esvair todo o sentido de independência econômica e individual e de construção segura de vidas que o emprego proporciona, e, em vez disso, cria uma paródia capitalista do comunismo, na qual a sociedade se divide em uma cúpula de meia dúzia de poderosos capazes de controlar tudo e uma massa amorfa e nivelada por baixo vivendo da filantropia dos de cima.

Moedas digitais, substituição da carne por insetos, normalização do vício em drogas pesadas e das cracolândias, tudo isso vem na esteira desse processo de submissão geral das coletividades ao poder financeiro capitalista, cujo apoio é buscado por todos os principais candidatos eleitorais.

Eis a materialização do “você não terá nada e será feliz”, do Fórum Econômico Mundial, que, juntamente a instituições correlatas, como o Clube Bilderberg e o Clube de Roma, compõe o centro mundial do poder capitalista.