Não há inteligência militar no Brasil, há esperteza

GILBERTO MARINGONI Não há inteligência militar no Brasil, há esperteza
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Groucho Marx dizia que “inteligência militar” é uma contradição em termos, um oxímoro. Sempre achei preconceituosa a frase. A História apresenta um sem número de exemplos que contradizem a expressão. Eles vão da Grécia Antiga aos dias de hoje, de Leônidas a Giap, passando por personagens como Napoleão, Prestes, Perón, Cárdenas, Zukhov e longuíssima lista.

Mas no Brasil atual, a sentença é certeira. Senão vejamos. O Exmo. chefe da Casa Civil, general Braga Netto, deve ter pedido a alguém mais capacitado que ele – um estagiário – a produção de um plano de desenvolvimento meia hora antes de sua apresentação formal ao grande público. “Pensa rápido, precisamos mostrar serviço!” Um espanto. O pastiche dá munição a ala Guedes do governo, facção neandertahl do pensamento econômico.

Aos que argumentam ter sido problema de falta de tempo para elaboração maior, vale lembrar de outro episódio. Ano passado, após copiosos meses de densos estudos, valendo-se da colaboração de dezenas de especialistas fardados, o resultado foi o plano estratégico para 2040. Nele se previa, como perigo maior para o país, a invasão amazônica patrocinada pela França, via Guiana.

Não existe mais inteligência militar no Brasil. O que havia de valor nas FFAA foi criminosamente expulso pela ditadura. O último grande foi o almirante Othon, comandante do projeto do submarino nuclear.

Sobrou esperteza de pilantras verdeoliva em busca de boquinhas e sinecuras na administração federal. Esse é o campo de batalha de quem se associou às milícias em busca de luz.

No Brasil de 2020, Groucho tem total razão.