Fred Sobral Bastos – Após o anúncio da contratação de João Santana, veio a previsível reação de Marina Silva: “Digo isso com conhecimento de causa por ter sido vítima desse tipo de estratégia em 2014, em ataques do PT, produzidos e operacionalizados por Santana. Portanto, jamais cometeria a incoerência de aceitar trabalhar com ele”.
Certamente Marina Silva não perdoou o marqueteiro político pela campanha contra ela promovida durante as eleições de 2014. Até se poderia argumentar que, a despeito das boas intenções de Marina, defender a autonomia do Banco Central – ao fim e ao cabo – é tirar a comida do povo (como representou João Santana), mas esse não é o ponto do artigo.
Ao revés, vamos relembrar a eleição de Haddad à Prefeitura de São Paulo em 2012. Em dado momento, o petista tinha como vice Luiza Erudina e, ao mesmo tempo, o PP, de Paulo Maluf, como integrante da coligação.
Erundina até então aceitava estar do lado de seu arqui-inimigo, mas não suportou a fatídica foto com o selamento da aliança entre Lula, Maluf e Haddad. À época, um excelente texto publicado na Carta Capital, ao defender a aliança entre PT e PP, disse o óbvio: se uma uma foto causava tamanho estrago, o que fariam os minutos diários na TV que a aliança proporcionaria? Enfim, Haddad foi eleito.
É disso que se trata. O tamanho do incômodo de Marina é diretamente proporcional à necessidade da contratação de João Santana.
Ciro sempre se apresentou em eleições como se votar nele fosse a coisa mais racional a ser feita. E era, mas mesmo assim sempre perdeu.
Agora decidiu ter alguém ao seu lado capaz de comunicar de forma emocional, seu racional Projeto Nacional de Desenvolvimento. Algo capaz de mudar sua história e, por consequência, a do Brasil.
Marina sabe do que João Santana é capaz, mas o importante é que agora Ciro Gomes sabe também.
Por Fred Sobral Bastos