Por Renato Zaccaro – As vivandeiras do hegemonismo petista foram ao delirio: Ciro e Lula abriram diálogo. Ouviu-se de tudo, desde a comemoração de uma “frente de esquerda contra o fascismo” até coisa pior, como “Ciro percebeu que precisa de Lula”.
Vos digo: não precisa. Lula representa a mais relevante rejeição política da Nova República. O ódio ao lulismo elegeu o pior presidente da história republicana destas terras.
As eleições municipais comprovam que o antipetismo não arrefeceu.
O PT provavelmente não ganhará o pleito em nenhuma capital – com exceção de Vitória – e sofrerá sua pior eleição em décadas. É o túmulo da esquerda.
A companhia das duas letras e da estrela vermelha subsequente é vilipendiada Brasil afora, sabemos que com algum exagero. Contudo, negar a potência deste sentimento é negar a realidade. O PT contamina alianças e é o partido mais rejeitado do Brasil.
Ciro luta para ser presidente. Tem uma militância ativa nas redes e conseguiu finalmente se desprender da imagem de ministro lulista. Conseguiu alguns apoios importantes no centro democrático e até na centro-direita. Um projeto de país que negue estes dois polos não hegemonizará o suficiente para implementar mudanças significativas. Vai acabar igual ao petismo, ou seja, com um legado restrito às insuportáveis tomadas de 3 pinos.
Conversar civilizadamente com Lula não é um problema. São dois animais políticos por essência; contudo, ir ao encontro do petista demonstrou uma certa fragilidade do pedetista, na opinião pública. Ficou realmente parecendo que Ciro precisa de Lula.
Se Ciro Gomes pretende ser presidente, deve estar o mais longe possível do PT. Deve apontar suas discordâncias com o lulismo, suas críticas morais, sua verve afiada contra a burocracia petista e toda a verborragia que lhe é peculiar.
Acima de tudo: tomar cuidado com os gestos. Ciro já se atabalhoou outras vezes, precisa ser cauteloso com a narrativa que quer imprimir ao povo.
Um só pode subir enquanto o outro cair.
Segue o jogo.
Por: Renato Zaccaro.