Lula compara Bolsonaro a Hugo Chávez em reunião com Forças Armadas

Lula compara Bolsonaro a Hugo Chávez em reunião com Forças Armadas
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Hoje o Presidente da República reuniu-se com o Ministro da Defesa e os comandantes das Três Forças Armadas para tentar pacificar a relação entre os militares e o governo.

Em seu discurso, Lula foi firme ao exigir a punição dos militares envolvidos nos atos de vandalismo do último dia 8 de janeiro em Brasília, mas garantiu que, após isso, não haverá qualquer retaliação às Forças Armadas por parte do governo. Assim, Lula afasta a sanha de setores mais esquerdistas do PT que buscam estimular revanchismos contra os militares que apoiaram o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Até porque, esse tipo de revanchismo não é movido apenas por ressentimentos, mas pela própria busca de cargos e espaços no governo, a exemplo da tentativa de fritura do Ministro da Defesa, José Múcio, por parte dos seus próprios colegas governistas.

Para demonstrar essa boa vontade de pacificação, Lula sinalizou que o governo irá buscar investimentos privados para os projetos militares que estão sem orçamento público. Mas além disso, Lula buscou distensionar a relação com os militares também ideologicamente, comparando Bolsonaro com Hugo Chávez. Segundo fontes da CNN, o petista, histórico aliado do falecido ex-presidente venezuelano, comparou a tentativa de Bolsonaro de politizar e instrumentalizar as Forças Armadas com a militarização do Estado venezuelano sob Chávez. Ainda na campanha eleitoral, Lula já havia equiparado Bolsonaro a Hugo Chávez na questão do armamento da população.

Essa comparação serviu para sinalizar que o Presidente não pretende politizar a questão militar e para se afastar das posições mais radicais da esquerda, inclusive dentro de seu partido, contra as Forças Armadas. No discurso para os comandantes das Três Forças, Lula disse que no Brasil “nem a extrema-esquerda e nem a extrema-direita funcionam”. Lula só esqueceu de dizer que Hugo Chávez militarizou seu governo após sofrer um golpe de Estado, ser sequestrado e levado para prisão em uma ilha na tentativa de obrigá-lo a renunciar, o que ele se recusou. Antes de Chávez ser retirado do território nacional em um avião de bandeira norte-americana, provavelmente para ser assassinado, o povo venezuelano reagiu nas ruas e garantiu a devolução do presidente legítimo que foi resgatado de helicóptero e trazido de volta ao Palácio Miraflores por militares leais à Constituição e à soberania do voto popular na Venezuela.

Do lado dos militares, já na quarta-feira (18), o General Tomás Ribeiro Paiva, Chefe do Comando Militar do Sudeste, discursou à sua tropa e mandou um recado contra o golpismo dos bolsonaristas e em defesa da legitimidade do governo eleito: “Alternância de poder é o voto, e quando a gente vota tem que respeitar o resultado das urnas.”

Atualização: Neste sábado (21), o Presidente Lula demitiu o Comandante do Exército, Julio César de Arruda, e nomeou o General Tomás Ribeiro Paiva para o Comando.

Desse modo, a situação tensa pós 8 de janeiro parece estar arrefecendo. No entanto, esse é apenas o começo de uma longa caminhada de reconstrução da confiança entre as Forças Armadas e a Presidência da República e vai exigir muito esforço dos dois lados.