Acabei de saber que o ministro da Agricultura do governo atual foi desconvidado para a abertura da Agrishow, maior feira do continente no setor agropecuário. Quem vai abrir a feira? Bolsonaro e Tarcísio. Clima ruim…
Está manifesta e explícita a antipatia que “o agro” tem por Lula, e o PT como um todo. Eles não diferenciam o MST do PT nem do governo. E eu posso dizer por ouvir de muitos deles que, desde há muitos anos, Lula é tratado como “ladrão” e isso se tornou incorrigível.
Mas o ponto, eu acho, é outro. O “agro” se tornou um partido político não registrado. Atualmente é bolsonarista mas cogita construir Tarcísio de Freitas para presidente em 2026.
Portanto, deveria ser bastante clara para o governo a necessidade de construir alianças diferentes junto aos setores produtivos. Mas apesar de isso ser assim tão claro, o que vi ontem mesmo (26/4) na TV?
Que o presidente do BNDES, Mercadante, está usando os hoje escassos recursos do banco de desenvolvimento para financiar, ainda mais, o próprio “agro”. É uma insanidade!
O “agro” já tem a seu favor um plano anual (Plano Safra) que oferece algo em torno de 300 bilhões a juros subsidiados e cobrando garantias facílimas de apresentar. Além disso, paga pouquíssimo imposto sobre o valor adicionado e sobre a terra.
É claro que, ganhando casa comida e roupa lavada do Estado por tantos anos, fez o que não é mais do que sua obrigação: tornou-se extremamente competitivo. Mas ele é apenas isso: um setor competitivo que, sem os apoios, deixaria de sê-lo.
A estratégia correta é usar a necessidade de reequilibrar politicamente o país oferecendo aos setores produtivos que não sejam o “agro” —notadamente indústria e serviços — condições isonômicas que, comprovadamente, geram competitividade.
Mas o BNDES parece querer adular ainda mais “o agro”, em vez de usar seus parcos recursos para um programa de financiamento à nova industrialização do Brasil. Vai entender…
Enquanto isso, ensaia-se o renascimento do bolsonarismo na Agrishow, onde ele certamente é muito forte.
