A nova Guerra Mundial e o fim do Brasil como projeto civilizatório

A nova Guerra Mundial e o fim do Brasil como projeto civilizatorio
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Por Cesar Benjamin – Tenho andado às voltas com problemas de saúde que me atrapalham muito. Interrompi meus trabalhos, esperando melhores condições para retomá-los. Mas as coisas que me preocupam mais estão no mundo e no Brasil.

O sistema internacional pós-guerra fria se desfez (na verdade, talvez devêssemos chamá-lo de “não sistema internacional”, dado o grau de unipolaridade). Se tivermos chance de reorganizá-lo, isso só ocorrerá depois de guerras de proporções muito maiores que as atuais. Guerras criam situações de fato, que a política e o direito, a posteriori, tratam de ordenar.

Não sei se devo chamar de “guerra mundial” as guerras que se aproximam, com a conotação escatológica que a expressão ganhou na era atômica. Mas esta dúvida já dá bem a dimensão do que se trata. As elites anglo-saxãs estão deixando claro que preferem o fim do mundo ao fim da própria hegemonia. Vão até o fim.

Quanto ao Brasil, confirma-se plenamente o meu diagnóstico de 2007: transformou-se, radicalmente, em uma “nação de vontade fraca”, que não sobreviverá. Trazendo as coisas para uma dimensão mais miúda, podemos ver claramente as consequências da maneira como se faz política aqui: eleito sem defender um programa, Lula não tem legitimidade para negociar nada significativo. Ficará quatro anos no varejo, administrando o crescimento do rebotalho. A nomeação da senhora Rousseff para a presidência do Banco dos Brics, num momento de grande tensão na arquitetura financeira internacional, dá bem a dimensão da nossa pequenez.

Como projeto civilizatório, o Brasil acabou. Nenhuma força, ou combinação de forças, atual – de caráter político, social, intelectual ou moral – está em condições de refundá-lo.

Desculpem a franqueza.

* * *

P.S. Há bem mais de dez anos, escrevi:

“Mantida sob o comando do capital e aprisionada nos sucessivos rearranjos da forma-mercadoria, a capacidade criadora da humanidade – capacidade que decorre da sua liberdade essencial, ontológica – poderia tornar-se muito mais destrutiva agora, quando a potência técnica da própria humanidade já estaria muito mais desenvolvida. Dependendo de quais forças sociais predominassem, essa potência técnica expandida poderia ser colocada a serviço da liberdade (com a abolição do trabalho físico, cansativo, mecânico e alienado) ou da destruição (com a tendência ao desemprego e à guerra). Esta me parece ser a disjunção mais relevante proposta por Marx e sua profecia mais certeira.”

Por Cesar Benjamin

  1. Senhor Benjamim, respeito seu histórico enquanto brasileiro e pelo seu tirocínio intelectual, mas se está tão insatisfeito e descontente com o país, então porq continua com sua condição de intelectual? Se aposente e faça outra coisa da vida.

    Não me vejo com qualquer motivo para ser desanimado ou não ter fé no Brasil. Não me interessa na vida outra coisa se não edificar meu país, não concretizar meu sentimento de oferta a meu país e mesmo que ninguém mais acredite na grandeza do Brasil e em seu destino que julgo glorioso, então eu serei o último o brasileiro e levarei comigo em meu último suspiro meu amor pelo meu país.

    Não é de hoje que vejo essa geração a qual o senhor pertence, e alguns mais novos até, com esse sentimento de desencanto e alguns casos, esse desencanto é só a forma de expressar seu complexo de vira lata.

    Se querem encontrar a velhice com o sentimento de fracasso, que o façam, mas não há motivos para a atual geração estar desmotivada com nada em nosso país. Ao menos para mim.

    A geração predecessora apostou suas fichas na Nova República, apostaram no discurso anti militar, revisionista e liberal de entender a história do Brasil e seu povo, como também vieram alguns na tolice de combater o “gene autoritário” do Brasil, numa busca de purgação tola e da própria negação real institucional e civilizacional do Brasil.

    Nunca entenderam como de fato integrar o Brasil a América Latina, tampouco como uma nação lusófona e em mtos que se enveredaram pelo marxismo, a ele o renunciaram para ceder ao bom mocismo hipócrita do liberalismo anglo saxônico. E agora se chora as pitangas por terem edificado a maior representação desse social liberalismo da Nova República, o PT, e todas as suas incongruências morais e vícios diversos, inclusive a cegueira quanto a questão nacional e a amplitude do Brasil.

    Lamento, mas não sou obrigado a me deixar abater.

    Eu sigo na luta e sigo na ideia de cumprimento do dever pelo meu País. Naquilo que falhar, transmitirei minha experiência aos sucessores, na ideia de ter pelo menos deixado um bom exemplo. Os fracassados que choraminguem e fiquem tendo pena de si mesmos.

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