O domínio internacional dos Estados Unidos e a Pandemia

CESAR BENJAMIN: O domínio internacional dos Estados Unidos e a Pandemia
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Poucas pessoas de esquerda estudaram a Revolução Americana e seus desdobramentos. Eu sou uma delas. Editei no Brasil (ainda pela Nova Fronteira, onde trabalhei) “Os artigos federalistas”, um clássico do pensamento político, escrito por alguns fundadores dos Estados Unidos. Para introduzir essa edição, selecionei um texto imenso de um professor americano, que discute com brilhantismo as bases ideológicas da formação do país. Não tenho uma trajetória intelectual antiamericana.

Mas é muito cego quem não vê o papelão que o país está fazendo. Usando seu controle sobre o sistema financeiro internacional, em plena pandemia apertou os embargos unilaterais que decreta contra países escolhidos, à margem da legislação internacional. Sem poder efetuar e receber pagamentos, a economia desses países sofre o risco de colapso.

Mas há mais. Os Estados Unidos estão criando as maiores dificuldades possíveis para a importação de alimentos e gás de cozinha por Cuba. Agora ameaçam interceptar navios cargueiros iranianos que se dirigem para a Venezuela, como se dois países soberanos não pudessem fazer comércio entre si.

Na reunião da Organização Mundial da Saúde, se opuseram à proposta, quase consensual, de que a futura vacina contra o coronavírus entre logo em domínio público, quando for liberada, para poder ser amplamente distribuída em todo o mundo. Querem patentes.

Tenho extensas notas de aula sobre a questão das patentes. Reorganizadas, dariam um livro (mais um) que não escrevi. Usei algumas informações básicas no pequeno artigo “A mercadoria fictícia”, que incluí em me livro mais recente, “Ensaios brasileiros”. Quem se dispuser a ler perceberá como tem sido enganado nesta questão.

Por Cesar Benjamin