“Dentro do Evangelho há ainda muito para aprender, e nunca os seus preceitos tiveram tanta atualidade.” Alberto Pasqualini
O movimento Cristãos Trabalhistas vem a público manifestar-se sobre a decisão pretérita do presidente Jair Bolsonaro e da recente decisão do governador de São Paulo João Dória de considerar igrejas e locais de culto de qualquer religião como atividade essencial, na mesma linha de hospitais, farmácias, mercados e etc.
Não há dúvidas para nosso movimento da premissa de inviolabilidade dos locais de culto, tal qual preconizado em nosso manifesto, em seu item 3, como segue:
3. Por isso, defendemos com todas as nossas forças um estado laico, onde todas as religiões, crenças e ausência de crenças sejam protegidas, respeitadas bem como seus lugares de culto sejam resguardados contra toda a forma de violência, ataques, discriminação e vilipêndio. Nesse sentido, defendemos que a fé faz parte da cultura e tradição do povo brasileiro e seu exercício público deve ser, por estes motivos, protegidos pelo estado como patrimônio imaterial do povo brasileiro.
Entretanto, apesar de defendermos de maneira firme a liberdade religiosa, nos manifestamos no sentido de que o Evangelho sempre coloca a vida acima de todos os outros valores. Quando a Igreja de Jesus, em sua incipiente formação de comunidades de fé era perseguida pelo império romano e pela religião organizada judaica, os apóstolos, em nenhum momento, incentivaram a construção de templos ou locais de culto para as reuniões das pequenas comunidades existentes. Não queriam expor os fiéis ao risco de serem presos e mortos facilmente. Optaram por um modelo mais discreto, com grupos menores. Desde o primeiro século, os discípulos de Jesus aprenderam com Ele a se reunir como uma família, de casa em casa, não em templos (Mateus 13:36, 17:25; Marcos 3:20, 7:17, 9:28; Lucas 5:18, 19:5; Atos 2:46, 5:42, 16:40, 18:26, 20:20, 28:31-32; Romanos 16:5; 1 Coríntios 16:19; Colossenses 4:15; Filemon 1:2), afinal de contas, uma pessoa que não vive como um discípulo de Jesus em seu próprio lar não será capaz de ser em qualquer outro lugar. É suficiente que guardemos as palavras de Jesus e estejamos reunidos em seu nome, portanto não importa qual é o local de adoração. Esse é um grande diferencial do cristianismo, pois para o cristão, o templo do Espírito Santo é o próprio cristão (I Coríntios 6:19) e que o nosso mestre Jesus disse que “…onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mateus 18:20).
Também relembramos que durante a pandemia da gripe espanhola (1918), as igrejas nos EUA deram exemplo, tal qual publicado na revista pentecostal The Christian Evangel (Springfield, Missouri, EUA, 19 de outubro de 1918, p. 4), onde diz que:
…todas as igrejas , missões, etc, incluindo as Assembleias de Deus estarão fechadas em decorrência da propagação da gripe espanhola que está assolando nossa cidade. Esta é uma oportunidade para nos dedicarmos à oração pelos missionários no mundo e pelos jovens que estão lutando contra a pandemia
Por isso, nos manifestamos no sentido de que essencial é a vida humana e que nós cristãos temos uma fé alicerçada na pessoa de Jesus, conforme descrito nos evangelhos. Portanto, discordamos respeitosamente da decisão de que cultos públicos e com aglomerações em templos religiosos sejam atividade essencial, visto que a história da igreja comprova que esta sobreviveu mesmo em momentos excepcionais em que as reuniões grandes não eram possíveis.
Entendemos que essas decisões são eleitoreiras e que não guardam relação com a vida dos cristãos.
Nesse sentido, apelamos aos cristãos para que fiquem em casa e evitem reunir-se nas igrejas por esse período, até que a situação fique em níveis sustentáveis. Lembrem do que o Senhor disse em Deuteronômio 6:16, repetido por Jesus em Mateus 4:7: NÃO TENTARÁS O SENHOR TEU DEUS!
Ao mesmo tempo, nossa oração é a mesma do Apóstolo São Paulo:
Que o Deus da esperança os encha de toda alegria e paz, por sua confiança nele, para que vocês transbordem de esperança, pelo poder do Espírito Santo. (Romanos 15:13).
Comissão Estatuinte do movimento Cristãos Trabalhistas
