O povo deu seu recado: o Brasil rejeitou o lulismo.

O povo deu seu recado: o Brasil rejeitou o lulismo.
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Antes de qualquer coisa, nesse momento muito importante da vida nacional, é fundamental entender o recado que foi deixado nas urnas no último domingo. O que o povo brasileiro expressou, quais seus desejos, expectativas, o que ele rejeita? São questões que estão colocadas e precisam ser entendidas, bem interpretadas. A leitura adequada nos fará agir de maneira correta no importante ciclo que virá.

Eis alguns pontos:

– As urnas rejeitaram o lulismo e o PT: o candidato Jair Bolsonaro foi eleito com o apoio de quase sessenta milhões de eleitores. Foi um recado claro e acachapante de rejeição da população brasileira, de todas as classes e regiões, ao lulismo (que hoje é a única orientação política com força dentro do PT). Bolsonaro foi eleito com uma pecha: o do antipetista que representa a antipolítica. E essa caracterização saiu absolutamente vitoriosa. Mesmo no Nordeste, onde o PT ganhou, com voto lulista e do interior, houve uma perda: em 2014 a então candidata Dilma recebeu 71% dos votos; agora Haddad teve 67%. Em todas as demais regiões o PT caiu. Bolsonaro teve mais votos que Aécio quatro anos antes em quase todas as capitais.

– A rejeição ao PT e ao lulismo é verificada não apenas pela vitória do Bolsonaro, mas a maneira que ela foi construída, de forma muito expressiva. Ele foi eleito quase com a mesma proporção de votos que Dilma em 2010, que era indicada por Lula, o então presidente mais bem avaliado da História, e em um momento que a economia do País vivia seu auge: Dilma superou seu adversário, José Serra, com 56% dos votos válidos; Bolsonaro com 55%, exatos 57.797.847 votos.

– O PT tentou fazer da eleição um plebiscito sobre o partido e, claro, sobre Lula. Tratou desde o primeiro momento de minar alternativas progressistas, como foi observado com os acordos que o PT promoveu nos Estados para isolar Ciro Gomes e lhe tirar alianças, e afirmar a hegemonia petista no campo progressista. Ao mesmo tempo evitou atacar Bolsonaro no primeiro turno a fim de tê-lo no segundo – Bolsonaro, por sua alta rejeição, era o único candidato consoante as pesquisas que o PT poderia vencer. A eleição se cristalizou, portanto, na polarização petismo contra o antipetismo. E o antipetismo venceu com sobras.

– Aliás, precisamos falar sobre as táticas eleitorais do PT: não é de hoje que a cada quatro anos o PT vende a narrativa de que a outra candidatura representa terra arrasada. É uma tática muito esperta, porém com altos custos para o País e para o campo progressista porque ao fazer isso, de maneira sorrateira, impõe uma polarização maniqueísta que marginaliza toda e qualquer liderança que não o apóie integralmente e impõe a demonização dos adversários democráticos. O PT passou anos chamando FHC de fascista, José Serra de fascista, Alckmin de fascista, Aécio de fascista e eis que, por muitos motivos e alguns deles por culpa do próprio PT, só tenha sobrado como oposição um candidato com posturas fascistas.

– Essa tática acima do PT, baseada na necessidade de impor sua hegemonia e dizimar alternativas, trouxe um alto custo ao País. Marina Silva é o exemplo mais bem acabado disso: ela representava uma alternativa democrática ao petismo e ao tucanismo. No entanto, em 2014, sofreu uma das mais vis campanhas contra, sendo acusada de querer implantar um arrocho fiscal e colocar um banqueiro do Itaú na Fazenda. Eis que Dilma após eleita fez um arrocho fiscal e colocou um banqueiro na Fazenda, mas não do Itaú, e sim do Bradesco, o Joaquim Levy (provavelmente o fato dele ser do Bradesco e não do Itaú amenize as coisas para o petismo). Ao apoiar Aécio no segundo turno, depois de todos os ataques que sofreu, Marina virou pária para o PT.

– Fernando Haddad terminou muito mal a eleição. No primeiro turno se colocou como poste do Lula, uma posição que lideranças do PT mais calejadas rejeitaram, como Jaques Wagner. No segundo, Haddad tentou se descolar da imagem do Lula e do petismo e acabou ensaiando um bom desempenho nas urnas e a construção de uma alternativa do PT ao lulismo – eu acho que ele verdadeiramente buscou isso embora sabotado pela ala lulista. Tudo isso foi água abaixo no domingo: de novo Haddad teve uma votação ruim, perdendo inclusive em São Paulo, onde foi prefeito até 2016, e fez um discurso após a eleição reafirmando o lulismo: falou na prisão do Lula, no impeachment da Dilma e ainda soltou a infeliz frase de que “defendo a democracia como nós do PT entendemos”. Não era isso que se esperava dele. Perdeu uma grande oportunidade, mas, no cômputo geral, definitivamente não foi Haddad o problema.

– Por fim, o Brasil e as urnas deixaram claro: o PT e o lulismo precisam ser superados. O campo progressista tem quatros anos para superar o lulismo e chegar em 2022 com melhores alternativas. Hoje, lamentavelmente, o lulismo é uma bola de ferro presa aos pés da esquerda, com a qual jamais será possível o campo progressista chegar à Presidência novamente. O PT e o Lula têm seus méritos, foram forças renovadoras e importantes desde a redemocratização, contudo o ciclo se encerrou. É hora de buscar novos ares, olhar para o futuro e poder ter esperança. Porque ficar preso ao passado nos colocará sempre na posição de ficar reféns da única coisa que o PT tem para nos convencer a votar nele: o medo.

Como o PT já disse lá atrás, é hora da esperança vencer o medo. É hora do campo progressista superar o PT.

  1. O povo não rejeitou o lulismo. O povo foi enganado por um candidato que se tornou expert em mentir para a população. O povo se absteve de votar 13 porque caiu na cilada de que o PT era o partido mais corrupto do Brasil, ignorando que o partido do candidato vencedor tem mais investigados e condenados por corrupção do que o PT tinha de bancada na época. Os nomes do PT que caíram foram fortes, mas nem se compara ao tanto de gente de base aliada que também rodaram.

    O que o povo passou de recado foi o seguinte: NÓS QUEREMOS ALGUÉM DE ATITUDE, UM GOVERNANTE DE MÃO FIRME, MESMO QUE ELE SEJA DESEQUILIBRADO MENTALMENTE! O povo precisa aprender que um navio comandado por um capitão de pulso forte nos levando para um iceberg não é a melhor escolha. Mas é importante ter discurso forte contra a corrupção, assim como ter uma visão de mundo mais humana e inclusiva.

    É preciso tratar bandido como bandido, e gente de bem como gente de bem, e saber que é muito fácil pro segundo se transformar no primeiro, e que o caminho inverso é quase impossível em um ambiente em que bandido bom é bandido morto, a não ser que ele seja nosso brother.

    No contexto dessas eleições, Fernando Haddad sai maior do que o PT, e poderia perfeitamente se desfiliar do partido, levando consigo a parte boa do partido, e deixar gente corrupta e oportunista como Gleisi Hoffman afundar junto com o barco.

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