O Brasil Bovino: o sertanejo diz a que veio

O Brasil Bovino o sertanejo diz a que veio
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Em evento realizado no Palácio do Planalto na tarde desta quarta feira (29), artistas do alto clero do sertanejo foram entregar seu apoio ao presidente Jair Bolsonaro.

De fato não espanta as duplas tomarem essa atitude contra a classe artistica, afinal, destas figuras, uns dois ou três podem ser considerados artistas. Os outros, na melhor das hipóteses, são animadores de auditório engordados com o dinheiro escuso de parte do agrobusiness.

O namoro do setor sertanejo com Bolsonaro não vem de hoje. Durante a campanha diversas duplas utilizaram de seu espaço para apoiar o capitão.

A industria do sertanejo – e o recorte especifico neste caso, universitário – passa pela massificação da lavagem de dinheiro por meio de investimentos em duplas. Os chamados “investidores” são figuras ocultas, sem nenhum contato especifico com o show business e cujos objetivos sempre são escusos. Por este motivo é possível assistir duplas completamente desconhecidas gravando shows de custos elevadíssimos, de fazer inveja em qualquer artista grande do mundo. Investidores dispostos a gastar milhões sem nenhuma expectativa de retorno.

A compra de espaços publicitários viabiliza um crescimento artificial, ja que substitui-se a demanda por uma oferta infinita. Hegemoniza-se culturalmente ate mesmo lugares sem tradição alguma com esse tipo de musica ( como é o caso dos morros e periferias). Com essa liquidez de oferta infinita e todos os espaços publicitários comprados, a industria se retroalimenta e faz cifras irreais num Brasil cuja cultura anda de mal a pior.

As duplas que assinaram este manifesto não possuem qualquer compromisso com a cultura do Brasil. O seu mundo não é o mundo da arte. O mundo ao qual pertencem é uma zona cinzenta entre o brega dos programas de auditório da RedeTV e o agropop. Ou seja: toda a síndrome do nosso atraso histórico. São sintomas da doença que aflige a alma do povo brasileiro nestes tempos de protofascismo. São, afinal, os sintomas de nosso tempo.

Se JK era o “presidente bossa nova”, Bolsonaro é o “presidente sertanejo universitário”. Com direito a chapéu de cowboy e a breguice que une duplas sem qualquer musicalidade com o presidente pão com leite condensado.

Se merecem.

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