Bolsonaro e Salvini profanam o túmulo dos Pracinhas da FEB que lutaram contra o fascismo

Bolsonaro e Salvini profanam o túmulo dos Pracinhas da FEB que lutaram contra o fascismo
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Jair Bolsonaro não teve dias fáceis na Itália, onde esteve protocolarmente presente devido à cúpula do G20. O advérbio é proposital: Bolsonaro não teve função alguma, ficou cercado de seus cupinchas e do fascista Matteo Salvini, destilou piadas sobre “máfia” (um assunto ultrassensível na Itália), além de pisar no pé de Angela Merkel. Colocar o presidente brasileiro em situações que exijam decoro é como soltar um javali numa loja de cristais.

O Brasil já possui certo hábito de passar vergonha perante aos italianos. Lula concedeu asilo a um psicopata assumido, condenado em todas as instâncias por matar cruelmente pessoas inocentes. Bolsonaro, por sua vez, tratou de terminar o serviço: não fez qualquer gesto ao primeiro ministro Mario Draghi, não foi capaz de propor qualquer tipo de parceria – presidindo o país com maior número de italianos fora da Itália – ou mesmo articular uma visita ao parlamento ou qualquer instituição minimamente relevante.

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Bolsonaro profanou o túmulo dos 467 pracinhas mortos lutando contra o fascismo na Segunda Guerra Mundial na Força Expedicionária Brasileira (FEB) ao comparecer acompanhado do fascista Salvini à cerimônia perante a estátua do “Soldado Desconhecido” em homenagem aos brasileiros tombados na Itália.

O padre Dom Tardelli que tem realizado essa cerimônia nos últimos anos se recusou a celebrar a missa devido ao disparate da presença de um fascista em uma solenidade cujo enfoque era a memória da luta contra o fascismo. Para Salvini, os 467 brasileiros mortos são “imigrantes imundos”, os mesmos que ele abandonou em alto mar, a serem devorados pelo Mediterrâneo.

No túmulo destes imigrantes, Salvini não irá. Tampouco Bolsonaro.

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O vilarejo de Anguinalla Veneta possui 4 mil habitantes e fica ao norte da bota Italiana. É uma cidadela irrelevante e bem conservada, que provavelmente teve seus maiores dias de exposição com a presença do assassino brasileiro, que fora recebido da forma mais correta que poderia: com um saco de merda em frente à prefeitura, local programado para homenagear o brasileiro.

Após o incidente, a prefeita local, filiada ao partido ultraconservador Liga Norte, realocou a homenagem para o prédio Villa Arco, uma construção do século XVII que provavelmente jamais, em seus quase 500 anos, fora tão mal frequentada.

Do lado de fora, uma multidão ecoava o grito de guerra que prenunciava o dia seguinte:

“Salvini cretino, Bolsonaro é assassino”

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O milanês Matteo Salvini, ex-ministro do interior (uma espécie de casa civil com algumas funções presidenciais), tem em comum com Bolsonaro muito mais do que a alcunha “Il Capitano”. O fenomeno do salvinismo muito lembra o Bolsonarismo em sua origem e penetração popular. Salvini, durante alguns anos, fora a figura mais popular da Itália. Sua queda se deu quando, em um de seus surtos, saiu em rede nacional acusando uma família imigrante de trafico de drogas. Isso depois de abandonar navios de imigração à deriva no oceano, além dos escândalos de corrupção – ligados à imóveis( mais uma semelhança com Bolsonaro).

Após sua queda, o ex-ministro resolveu moderar o discurso. Seu partido A Liga compõe o governo de conciliação nacional de Mário Draghi, junto com PD (principal rival da Direita) e o Itália Viva, do siciliano e ex-premiê Matteo Renzi, maior inimigo de Salvini.

A tentativa de moderação salviniana teve um revés com a visita de Bolsonaro. Membros do governo de coalizão saíram em ataque à Salvini, que defendeu-se dizendo que “pior seria a esquerda brasileira, que adulava terroristas dando-lhes a pecha de herói”.

O terrorista Bolsonaro, seu colega Salvini e o terrorista Battisti deverão ter o mesmo fim: a cadeia.

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Com o cicerone de Salvini, Bolsonaro busca conciliar a frente conservadora com a qual irá procurar reproduzir sua narrativa assassina. O húngaro Orban, a francesa Le Pen, a fascista italiana Giorgia Meloni e os descendentes hitleristas da AFd. Mesmo entre eles, não há consenso quanto a Bolsonaro. Na própria Liga de Salvini, a visita do presidente brasileiro foi mal vista. E olha que o partido salvinista advém diretamente do MSI, herdeiro político de Mussolini.

Bolsonaro não serve sequer para ser fascista.