A marcha reacionária de Bolsonaro sobre a educação brasileira

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Por Edson Bissiati – Nos últimos dias, o Ministério da Educação vem passando por uma crise institucional cuja gravidade ainda não sabemos mensurar (só o tempo dirá, e certamente irá dizer muita coisa). Dentre os vários indícios de irregularidade e consequentemente de desprezo do atual governo federal com a educação brasileira, as últimas denúncias feitas contra o pastor e ex-ministro da educação Milton Ribeiro e seus colegas de profissão, os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, suspeitos de cobrar propinas de prefeitos para intermediar recursos do MEC para construção de escolas e creches nos municípios, lança luz ao obscurantismo educacional que estamos vivendo no Brasil de Bolsonaro.

Somado a isto, seria instaurada uma CPI no Senado para apurar tais denúncias, bem como, para se aprofundar em outras envolvendo recursos ligados ao FNDE que foram utilizados por parlamentares como moeda de troca por meio do famigerado orçamento secreto. Porém, a criação da comissão foi praticamente barrada no Senado federal, sob o tolo argumento de que sua instauração antes e em vigência durante o período eleitoral “atrapalharia” o bom andamento do pleito.

Como se não bastasse, em meio a todo este caos, não podemos esquecer que as universidades e os institutos federais vêm sofrendo intensos cortes em seus respectivos orçamentos, comprometendo o ensino, a pesquisa e a extensão tão bem feitos por nossas universidades públicas. É trágico imaginar que o Brasil de figuras brilhantes como Paulo Freire, Ruth Cardoso, Darcy Ribeiro, Rubem Alves e muitos outros pensadores e amantes da educação, hoje sofre com famigerados negacionistas simpatizantes de Olavo de Carvalho.

A corja de reacionários chefiada pelo ex-capitão Bolsonaro, não esconde a sede que tem em destruir um dos principais pilares civilizatórios da sociedade, que é a educação e todo o legado por ela edificado até aqui.

Um filósofo como Theodor Adorno (1903-1969), se debruçou em discutir e pensar caminhos para uma educação que fosse capaz de impedir as atrocidades humanitárias da Segunda Guerra Mundial. Após Bolsonaro, será necessário um esforço intelectual conjunto para se pensar meios capazes de não só reerguer nossa educação pública, mas também de impedir que movimentos nada razoáveis como o bolsonarismo, não volte a assombrar a sociedade brasileira e a civilização de um modo geral.

Por Edson Bissiati

Cientista Social e pesquisador da área de teoria política e democrática.