Banco Central eleva juros para 4,25%: na contramão, voltaremos aos maiores juros do mundo

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No dia 16 de junho de 2021, o Banco Central do Brasil elevou a taxa básica de juros da economia brasileira em 0,75% p.p., saindo de um patamar de 3,5% a.a. desde a última reunião para 4,25% a.a. nesta quarta-feira.

Fonte: BCB.

O COPOM justifica este aumento observando especialmente três fatores, sendo eles: (i) os reflexos da crise hídrica que os reservatórios nacionais começam a experimentar, que no curto prazo encarecerão o custo da energia elétrica, este como um importante insumo para a produção dos bens de consumo e serviços da economia, que repassarão seus novos custos para os preços; (ii) a volta das atividades industriais e comerciais mesmo com a extensão da segunda onda da Covid-19 no Brasil; e (iii) as medidas adotadas de política fiscal e monetários no Brasil e no mundo, que segundo a ata do comitê “a incerteza segue elevada e uma nova rodada de questionamentos dos mercados a respeito dos riscos inflacionários nessas economias pode tornar o ambiente desafiador para países emergentes” (ATA DO COPOM, JUNHO 2016).

Os policy makers deram bastante espaço para a discussão acerca do “elevado risco” de mantenimento de políticas fiscais para as economias em desenvolvimento, mesmo que, contraditoriamente ao argumento apresentado seja exibido menor índice de investimento público dos últimos anos e uma elevada taxa de pessoas desempregadas ou em desalento, o que exprime a propensão marginal a consumir degradante da economia brasileira.

O COPOM reforçou o seu compromisso com a meta de inflação estabelecida, considerando a taxa de juros de 4,25% a.a. como a taxa neutra para este momento, sendo esta a que controla a inflação em torno da meta estabelecida com plena capacidade de atuação. Ora, seria a plena capacidade de atuação (fatores de produção) da economia brasileira 15 milhões de desempregados somados a, pelo menos, 20% de capacidade ociosa na indústria?

Fonte: CNI.

O Banco Central, apesar da elevação da taxa de juros e a proximidade com a taxa neutra, não descarta possíveis elevações futuras na taxa de juros básica de maneira que regule e mantenha a meta estipulada pela instituição, visto que “O Comitê enfatiza, novamente, que não há compromisso com essa posição e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação” e deixa guardada a expectativa para a continuidade de políticas cunho monetário contracionistas para uma economia reprimida “Comitê antevê a continuação do processo de normalização monetária com outro ajuste da mesma magnitude. Contudo, uma deterioração das expectativas de inflação para o horizonte relevante pode exigir uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários.”

É importante ressaltar que a valorização do câmbio tende a continuar, visto que com o aumento do prêmio dos títulos atrelados a taxa de juros básica, aumenta o influxo de capitais especulativos estrangeiros, que no curto prazo valorizam a moeda e resgatam sob os títulos da dívida maiores valores, sendo de títulos corrigidos pelo índice de inflação e pelos pós-fixados: ganha e ganha.