O Agro brasileiro para além do preconceito

O Agro brasileiro para alem do preconceito
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O Agro Brasileiro, pela sua força de demanda e as poucas leis protecionistas que restaram no Brasil, força que multinacionais mantenham parques produtivos no Brasil. Isso fez com que em tratores o Brasil em 2021 importou U$ 188,2 Milhões e exportou U$ 293 Milhões. Sendo assim, em tratores o Brasil tem SUPERÁVIT em mais de U$ 100 milhões de dólares em 2021. Quando analisando máquinas agrícolas no geral (exceto tratores e suas partes) em 2021 importamos U$ 501 Milhões e exportamos U$ 636 Milhões, SUPERÁVIT de mais de U$ 100 milhões também. Obviamente o debate está longe de se encerrar aí, pois custos de importação podem estar diluídos em outras categorias de importação da indústria de transformação e também as maiores fábricas do ramo no Brasil são estrangeiras, predominantemente dos EUA.

O Agro brasileiro para alem do preconceito
Fábrica da John Deere em Montenegro-RS

O debate deve ser feito nesse rumo para que entendamos que ao invés de demonizar o agro, nele temos uma grande oportunidade de desenvolvimento, INCLUSIVE INDUSTRIALMENTE. Hoje as empresas que mais vendem tratores no Brasil são estrangeiras, portanto aqui se limitam em somente montar peças de legos e o polo científico dessas grandes multinacionais reservam os ótimos empregos para suas sedes nos países desenvolvidos.

Para o ano de 2017, a John Deere foi a empresa que mais produziu tratores no Brasil, seguida pela New Holland. Ambas ultrapassam neste ano a tradicional Massey Fergusson que até então era a líder disparada no setor, sendo que no ano de 2000 conseguiu produzir quase 24 mil tratores no Brasil. Das 3 maiores produtoras de tratores no Brasil, todas as três são estadunidenses. A quinta da lista também tem sua sede nos EUA, a Case IH. A quarta desta lista é a finlandesa Valtra, que quando chegou no Brasil na década de 60 ainda era uma estatal de seu país que só seria privatizada 30 anos depois. Finalmente, na sexta posição dessa lista está a única brasileira, a Agrale. Mas veja a diferença: Ao passo que as 4 estadunidenses do topo da lista produziram 33.554 tratores em 2017, a única brasileira da lista só conseguiu produzir 768 tratores no mesmo ano. O pior desse caso é que ao longo dos anos a força produtiva da Agrale se enfraquecendo, pois em 2014 – melhor ano da série histórica da Agrale – a empresa conseguiu produzir 2451 tratores.

O Agro brasileiro para alem do preconceito
Maiores produtores de tratores em 2017
O Agro brasileiro para alem do preconceito
Tratores produzidos por ano e por marca no Brasil

Outro setor que compensa analisar é a classe dos “Inseticidas, Herbicidas e reguladores do crescimento de plantas” que em 2021 importamos U$ 3.7 bilhões e exportamos U$ 334 Milhões, um DÉFICIT de mais de 3 bilhões de dólares. Para ainda em 2021, em Fertilizantes Brutos importamos U$ 147 Milhões e exportamos U$ 5 Milhões, déficit de U$ 143 Milhões. Em Fertilizantes finos importamos INCRÍVEIS U$ 13.4 bilhões e exportamos U$ 194 Milhões, temos aí um enorme déficit de U$ 13.2 Bilhões. Os países que, sem dúvidas, mais se beneficiam desses bilhões de dólares escoados em 2021 são Rússia, China e Estados Unidos, principalmente pelas importações no setor de Fertilizantes Finos. Isso tende a piorar com fechamento da FAFEN (Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados) no Paraná, a não conclusão da fábrica da FAFEN no Mato Grosso do Sul e a paralisação das duas plantas da FAFEN na Bahia. Com isso, o Brasil que dependia em 85% da importação de fertilizantes tende agora a depender 100%.

Em suma, somando as importações de máquinas agrícolas + tratores + fertilizantes brutos + fertilzantes finos chegamos ao valor de U$ 17,8 bilhões e as exportações somam U$ 1,5 bilhões. Ou seja, nesses 4 setores temos um enorme gargalo, um déficit de incríveis U$ 16,3 bilhões. Em verdade, o complexo industrial em potencial que o setor agrícola pode desenvolver no Brasil é fenomenal e uma oportunidade única de crescimento econômico. Além dos quase 45 bilhões de dólares que o Brasil exporta em soja e farelo de soja e dos quase 8 bilhões de dólares em carne bovina e dos quase 9 bilhões de dólares exportados em açúcar e melaços, podemos ainda preencher essa coluna de 16 bilhões de dólares gerando mais empregos, mais desenvolvimento e mais qualidade de vida para todos os brasileiros.

 

REFERÊNCIAS

1. http://comexstat.mdic.gov.br/pt/comex-vis

2. http://comexstat.mdic.gov.br/pt/home

3. https://portalibre.fgv.br/noticias/cai-o-valor-previsto-para-o-saldo-da-balanca-comercial-de-2021

4. https://portalibre.fgv.br/icomex

5. https://infograficos.gazetadopovo.com.br/agronegocio/producao-de-tratores-no-brasil/