A direita precisa do impeachment de Bolsonaro

O presidente sofrerá cada vez mais pressão. Que será do impeachment de Bolsonaro?
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Na ópera de Giuseppe Verdi, o trovador canta uma prostituta que “é volúvel como o vento” e “muda de voz e de pensamento”.

Se antes o centro político (afinado à direita) argumentava que o impeachment de Bolsonaro atrapalharia os “esforços” do Brasil contra a pandemia, a tendência hoje mudou, como o vento de Verdi.

As pesquisas recentes jogaram uma pá de cal nas candidaturas afinadas com o velho establishment político. Dória está acabado, Huck ficará na Globo e Mandetta empolga tanto quanto um guarda-roupa.

Lula aparece isolado na liderança de quase todos os cenários. Para a direita, é inimaginável tê-lo fora do segundo turno. O desespero de tal conclusão levou à síntese que norteará os discursos do consórcio MBL, Antagonista, PSDB, lava-jato e demais setores: Bolsonaro precisa ser impichado imediatamente. E, principalmente, precisa estar inelegível na eleição de 2022.

Na análise do consórcio, Bolsonaro, independente do desgaste, estará virtualmente no segundo turno. Com o tempo passando, as alternativas à direita perderam a capacidade de consolidação. A única solução, portanto, é forçar a mão no impeachment, retirar Bolsonaro de 2022 e construir à força uma alternativa que defenda os interesses destes grupos.

Evidentemente há motivos de sobra para chutar Bolsonaro. A leitura que deve ser feita é: quem se beneficia com isso, imediatamente?

Mourão não é um democrata e faria um governo tão ruim quanto o de seu cabeça de chapa. Deixaríamos de seguir Olavo para seguirmos o Clube Militar. A diferença é pouca.

Bolsonaro não terá um dia de sossego daqui pra frente. Seu apoio no Congresso tende a diminuir ainda mais, com a pressão unificada de alguns setores. O capitão conta com a boa vontade da oposição petista que tende a jogar parada, esperando a eleição de 2022.

A ópera trágica do Brasil exigirá frieza e alguma maleabilidade.

Volúveis, como as prostitutas de Verdi.

  1. Deixa eu parar pra entender então: quer dizer que na opinião do articulista, vale mais o Brasil ver sangrar a sua institucionalidade já combalida em nome de uma conveniência política, pois isso atenderia aos interesses da direita? Se o articulista pensa, então com todo o respeito, sua forma de pensar em nada difere dos casuísmos sórdidos (esse é o nome) que o petismo se vale para fazer valer seus interesses, e que se diga: jogará a sua máquina da lama para enaltecer seu falso profeta, destruir nomes que queiram fugir dessa falta dicotomia e que vai querer polarizar com Bolsonaro, que retroalimenta do lulo petismo.

    Se é do interessa da esquerda participar da ordem democrática, também é necessário relembrar ao articulista e as damas e aos cavalheiros que que me leem que quem está na cadeira do Palácio do Planalto é um maníaco mau caráter que vem do submundo mais grotesco da vida brasileira e que não medirá seja lá o que for para conseguir o que quer. E nisso tem uma coisa nele que se tenha que reconhecer: Bolsonaro é uma pessoa sincera e nunca escondeu de ninguém suas pretensões e nisso tem que se dizer e reiterar o que diz o sr. Flávio Dino: a democracia TEM QUE SE DEFENDER DAQUELES QUE QUEREM DESTRUI – LA e isso se aplica a qualquer ordem legal e regime político, sejam eles quais forem, é constantemente afrontada em seus limites, a sociedade e as leis e princípios que regem aquela comunidade irão paulatinamente sendo questionadas e os sentimentos diversionistas poderão tomar força. Eram com base nesses princípios que o Império sempre combateu os mais diversos levantes separatistas, foi assim que a ditadura se legitimou (e inclusive criando um arremedo de Constituição para justificar) e é assim que qualquer ordem legal se sustenta.

    O poder Executivo está no máximo de poder que o Estado tem a disposição, exercido na figura daquele que é ELEITO para estar a serviço das leis que regem e dão a coesão da comunidade política dentro do território, que no caso de nosso país, é a Constituição. Quando um presidente brasileiro DOLOSAMENTE desrespeita as leis que jurou defender, sua ação, além de inconstitucional, além de ilegal, afrontam o sistema legal vigente e para além disso, colocam em xeque a legitimidade do sistema. Não percebe o articulista o precedente que o Golpe de 2016 criou? A qual pessoa razoável, em qualquer lugar do mundo, conceberá que uma institucionalidade saudável a um país em a ação deliberada da União, através do Presidente, em não cumprir o seu papel de provedor da saúde pública e ainda sabotar as ações dos estados e municípios pode dar ao mandatário a condição de seguir ao cargo e um preceito mentiroso e questionável de fraude fiscal gera a cassação de um mandato?

    O impeachment não pode ser visto pela maneira ardilosa, utilitarista e desonesta pela qual a juristocracia, os carreiristas do direito e a direita utilizaram do instituto. Uma ideia perigosa de que a cassação de um mandato passa por uma espécie de equação matemática feita pelas paixões políticas do momento. Um impeachment é um instituto constitucional que utiliza contra ações DOLOSAMENTE cometidas, repito, sendo um instituto jurídico político e veja você: a palavra “jurídico” é mencionada primeiro.

    Nisso, vejo por exemplo os enganos do sr. Nildo Ouriques: intelectual respeitável, pessoa séria, isso é verdade, mas vejo sempre uma ponta de desdém a democracia e um eterno proselitismo em nome de uma promessa de uma revolução, que pelo me parece, o sr. Ouriques não sabe como fazer e tampouco há no Brasil, elementos metafísicos que pudessem legitimar ações políticas que legitimassem guinada na vida institucional brasileira, de forma que teremos de estar na democracia liberal e estarmos de acordo.

    Por fim, não concordo com as análises do articulista e a razão com a qual, me parece, deseja manter o bolsonarismo como um femômeno agonizante e em sangramento no tecido social brasileiro: a direita brasileira no seu falso moralismo e nas suas mentiras bem contadas acreditaram que iriam por coleira no seu cachorro pulguento e nisso quebraram a cara, isso eu posso concordar. Também posso concordar que o Bolsonarismo levou a própria desmoralização de um “programa liberal” (é até engraçado como vendem a narrativa de que foram traídos por um homem que juravam ter honra e nobreza em seus propósitos e de repente, viram uma máscara angelical cair por terra por um gentleman (pigarro) como Bolsonaro), mas vejo para além disso uma direita acéfala, sem projetos, sem nome, que depositou todas as suas fichas no tucanato, que julgo morto à exceção de São Paulo pelas suas heranças de narrativa da Contra Revolução de 1932 e que ainda assim trata o Brasil como sua extensão e não São Paulo como parte do Brasil e mais além e importante do que isso, um compromisso do Brasil para consigo mesmo, mesmo com sua institucionalidade desgastada e estressada ser obrigado a agir, sob pena meu nobre, de agravarmos a já disfuncional institucionalidade brasileira aonde a própria reputação do país perante o mundo ser ainda pior do que a que já temos e o peso da infâmia se agravar ainda mais e os falsos pudores aristocráticos pedantes e covardes prevaleçam.

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