Embora a China tenha uma população de 1,4 bilhão, três vezes maior do que a dos EUA, com 331 milhões, o desafio da China é fortalecer o poder de compra do seu mercado interno. Esse é o objetivo do 14º Plano Quinquenal.
Com o tamanho da população da China, a expectativa é de que a economia provavelmente continuará crescendo mais rápido do que a dos EUA. Isso é apenas uma questão de tempo até que o país se torne o maior rolo compressor de consumo do mundo.
A China está próximo de assumir o primeiro lugar nas vendas no varejo, totalizando US$ 5,7 trilhões no ano passado, enquanto nos EUA as vendas ficaram em US$ 6,5 trilhões. O diferencial vem se reduzindo e a China ultrapassar é considerado uma questão de tempo.
Sobre esse mercado de varejo, de acordo com a consultancy Bain & Co., em seu último relatório sobre o mercado global de bens de luxo, as vendas na China foram de 44 bilhões de euros (US$ 52,3 bilhões) em 2020.
Isso em comparação com 57 bilhões de euros na Europa e 62 bilhões de euros nas Américas. A consultoria prevê que a China atingirá o topo em 2025 e que os consumidores chineses serão responsáveis por 45% das compras globais até então.
Em termos de propriedade de carro, por exemplo, 33 residências em 100 na China tinham um carro em 2018, em comparação com 78 no Reino Unido e 91 nos EUA.
A penetração do smartphone era de 60,8 por 100 pessoas na China em 2020 em comparação com 81,6 nos EUA e 78,4 no Reino Unido, de acordo com dados compilados pela Newzoo, uma empresa de dados de jogos e esportes eletrônicos.
Embora a China seja a número 1 ou 2 em muitos segmentos de mercado, pode levar anos para que o país se torne o maior consumidor doméstico do mundo em geral.
Isso porque os gastos com serviços como saúde, seguro, lazer e educação são muito mais baixos em termos absolutos termos e em termos de consumo per capita do que nos EUA, onde representam cerca de dois terços dos gastos das famílias.
Os dados sobre despesas de consumo pessoal (PCE), um indicador que cobre o valor dos bens e serviços adquiridos pelos residentes, ilustram a lacuna.
Em 2019, o PCE na China era de 38,7 trilhões de yuans, ou US $ 5,6 trilhões pela taxa de câmbio média daquele ano, 61,4% abaixo dos gastos nos EUA, mostram números compilados pelo provedor de dados econômicos CEIC.
Nesse artigo, com alguns indicadores, mostro como o mercado interno chinês é o seu grande trunfo para superar os bloqueios dos EUA. Com geração de empregos e expansão da renda, o mercado interno cresce em tamanho e poder de consumo.
Nessa outra coluna, mostro como o 14º Plano Quinquenal, deixa claro o objetivo da China se tornar uma potência econômica mundial, superando a armadilha da renda média e se tornando um país de alta renda.
Entre os principais pontos do 14º Plano Quinquenal, destaco o chamado “Dual Circulation Strategy”, estratégia de fortalecer o mercado interno e estimular a inovação, para fortalecer as estruturas produtivas nacionais.
