100 anos de Brizola na espiral do Tempo

100 anos de brizola
Botão Siga o Disparada no Google News

Dizem os iorubas que Exu matou um pássaro ontem com a pedra que só jogou hoje. O passado é uma construção também do agora e a espiral do tempo é o que nos move.

Dito isso, nesse sábado comemoramos o centenário de Leonel de Moura Brizola. Poderia, aqui, falar de seu pioneirismo na realização da primeira reforma agrária no Brasil. Ou abordar sua incansável luta pela soberania política e democrática da Campanha da Legalidade. Quem sabe cair no senso comum – mais do que justo – de seus recordes de construções de escolas e o modelo avançado de seu tempo: os CIEPs.

Entretanto, entre esses e outros gigantes feitos, gostaria de falar do que os 100 anos de Brizola significa para o país nesse ano de 2022.

O Brasil atravessa sua pior crise econômica, social e política das últimas décadas. O Bolsonarismo contribuiu ao caos, mas também é produto da falência de um modelo de organização da sociedade.

No bicentenário de uma independência que não foi concluída, nos encontramos num limbo de pura subserviência e miséria. A classes populares perdem seu poder de compra, sua qualidade de vida nos serviços públicos e a esperança de dias melhores. Não há um cidadão, que não seja rico, que esteja fazendo planos com doses altas de otimismo para o ano que entra.

Somado a isso, o modelo econômico de exploração de nossas empresas públicas e até privadas contra o interesse nacional toma novas ofensivas das grandes potências, sobretudo dos Estados Unidos.

E é nisso que entra a tarefa de Brizola, na espiral do tempo – ou melhor: Tempo. Mais do que nunca, sua prática e suas ideias aparecerem como urgentes ao Brasil.

Portanto, o nacionalismo popular do Trabalhismo continua sendo a chave de transformação brasileira. Desculpem os mais adeptos ao Lulismo, mas um modelo insuficiente e esgotado não durará nem um mandato inteiro.

Se não houver uma profunda clareza de uma luta patriótica e de combate aos retrocessos da última década – teto de gastos, desindustrialização e retirada de direitos sociais e trabalhistas -, aqueles que derrotaram Brizola continuarão realizados. E o Brasil? Descendo a ladeira.

O Brizolismo é a grande saída para o povo brasileiro em 2022. E isso não se trata de discurso, estética ou citações. Mas, sim, de coragem e projeto claro. É nisso que, brizolista que sou, defendo a candidatura de Ciro Gomes. Evidente que Ciro e Brizola são diferentes, inclusive na cultura política. O próprio Ciro diz que não tem tamanho nem pra calçar os sapatos do Velho Briza.

Mas Ciro está no PDT. Foi o último voto de Brizola. Está há mais de 4 anos defendendo a revogação do Teto de Gastos, da Reforma Trabalhista. Ciro defende a nacionalização de setores estratégicos que estão sendo privatizados. Lula se orgulha dos acionistas da Petrobras na sua época.

Muitos que reivindicam Brizola não querem votar em Ciro. Respeito e compreendo. Mas o dado concreto é que apenas ele, até agora, apresentou uma plataforma nacionalista que insere interesses populares na estruturação do Brasil, bebendo direto da fonte trabalhista – vargojangobrizolista.

Leonel Brizola, nos seus 100 anos, nos ensina que o pássaro dos golpes e da exclusão de ontem pode ser combatido com a pedra que jogaremos hoje.

Ou ficar a Pátria Livre!
Ou morrer pelo Brasil!