O socialismo democrático deu certo na Noruega?

O socialismo democrático deu certo na Noruega
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A Noruega, desde a Segunda Guerra Mundial, vem se destacando como modelo de país com alta qualidade de vida e uma ótima pujança econômica, contrariando os manuais de Chicago, em que falam que devemos escolher entre um e outro. Nesse período, o estado foi crescendo gradativamente e os serviços públicos ficaram cada vez mais eficientes e maiores. Hoje, 1 em cada 3 cidadãos noruegueses são funcionários do estado. Isso porque quem emprega mais, em qualquer economia, são as pequenas empresas e essas não são tidas, propriamente, como meios de produção. Então, podemos saber que grande parte dos meios de produção de fato da Noruega estão sobre o controle direto do estado.

O socialismo democrático preconiza o alcance do socialismo pela via gradual. Mas como seria essa via gradual? Simples, elegendo governos de esquerda que sempre darão um passo posterior ao outro nesse sentido em seus vários mandatos para essa construção. A Noruega conseguiu isso? Sim, até hoje o maior partido do país é o Partido Trabalhista e ele foi o que governou mais tempo a Noruega desde 1930. Para se ter uma ideia, o Partido Trabalhista ficou quase o triplo de tempo no poder em relação a soma de tempo governado por todos os outros partidos. Assim, o Partido Trabalhista fez sempre reformas e políticas no sentido de alcançar o socialismo.

Mas deu certo? Bom, a Noruega tem o maior IDH do planeta, mas a explicação para como isso ocorreu, é mais complexa.

O governo central da Noruega atualmente administra três principais pools de ativos. Existe o Government Pension Fund Norway, um portfólio de ações e títulos que é investido em empresas norueguesas e outras empresas nórdicas; O Government Pension Fund Global, um portfólio de ações, títulos e imóveis investido exclusivamente fora da Noruega; e as empresas estatais, um conjunto de 74 empresas gigantes nacionais que são detidas diretamente por 12 ministérios do governo.

A soma de toda a riqueza de propriedade coletiva do estado norueguês produz alguns números realmente impressionantes. No final de 2016, os ativos detidos pelo estado norueguês em empresas globais equivaliam a 241% do PIB . As empresas estatais tinham participações avaliadas em 23% do PIB. Assim, todos juntos mais alguns outros ativos, o governo central norueguês possuía ativos iguais a 271% do PIB do país em 2016. Para colocar isso em perspectiva, para o governo dos EUA possuir uma quantidade semelhante de riqueza, seria necessário construir US $ 54 trilhões em ações sociais.

Devido a seus fundos de riqueza coletiva e empresas estatais, o governo norueguês detém cerca de 59 por cento da riqueza do país. Para reiterar: 6 em cada 10 coroas de riqueza na Noruega pertencem ao estado. Ao excluir do cálculo as casas ocupadas pelos proprietários, você descobre que o estado da Noruega possui 76% da riqueza não residencial do país.

Todos os dados estão disponíveis nos relatórios sobre governança pública lançados anualmente pelo próprio governo norueguês: People Police Project e o Wolrd Inequalitty Project (2018)

Mas, lembremos de Brizola: “Social-democracia pode dar certo na Europa, mas aqui precisamos de uma pimenta revolucionária”. Esse texto se propõe a demonstrar que a planificação econômica é o caminho natural da civilização e desmanchar os mitos de que todo país planificado é subdesenvolvido. No entanto, não acredito que o Brasil alcançará isso pela democracia burguesa, mas por uma Revolução constante, a que nunca tivemos.

Por Daniel Bispo

O socialismo democrático deu certo na Noruega

  1. Isso não seria difícil de acontecer no Brasil, embora eu creia que é impossível fazer gemada sem quebrar ovos! Mas, em se tratando de seres humanos,pouca coisa é impossível. Por aqui, não seria difícil: basta esterilizar as esquerdas brasileiras – e elas continuam cruzando com o centro e se reproduzindo – para que elas,com qualidade venham sentar-se á mesa em torno de um projeto para o país, inserindo nesse projeto a formação politico-ideológica-classista das bases. E quando falo de bases,refiro-me aos que estão no piso das fábricas e no chão das fazendas dos agronegócios. Mas a maioria das esquerdas tem sequer diretórios organizados e sindicatos estruturados para esse tipo de ação. Na minha região,um entorno de seis municípios, os diretórios(?)das esquerdas não lançarão chapas completas para o próximo pleito. Os presidentes desses diretórios não tem noção de sociologia,geopolítica,coordenação de campanha,analises de conjuntura,…alguns são fantoches que representam sem ter o que representar e se o tem,não sabem se e o que representam.Mas está lá, registrado certinho no cartório. Um demonstrativo claro da ineficiência organizativa desses partidos. Isso porque,em dado momento,as esquerdas não optaram pela classe, e sim,pelo parlamento e pelas eleições, sem ter um alicerce politico ideológico sólido para a sustentação de um projeto alternativo para o país. Tanto que o maior líder das esquerdas desses lados do planeta foi preso e a maior reação que se viu foi… contemplativa! As bases não tinham- como não tem ainda – noção de um projeto de país para defender.E creio que as esquerdas ainda não o tem para apresentar. Suas cúpulas estão mais preocupadas com o que priorizaram: 2020,2022,2024…eleições,eleições,eleições… A criação de um projeto de pais para o país, dos trabalhadores,pensado coletivamente, discutido e assumido junto com as bases não é prioridade no mundo das cúpulas das esquerdas desse gigante. Pobre trabalhador assalariado.Seu maior inimigo não está do outro lado…!

  2. Reino da Noruega, pais tradicionalista, monarquia constitucional, amplamente democratica,esta entre os primeiros paises do mundo, com uma das melhores qualidades de vida,pais de clima frio,com uma população ao redor de 5 milhões e meio, ou seja só a região metropolitana de São Paulo, tem praticamente em população umas cinco Noruega,então fica facil governar um chacara, comparada a uma imensa fazenda chamada Brasil, pais com pouquissimas tradições, com uma ampla miscienação de raças ou etnias, e costumes, portanto extremamente dificil funcionar o socialismo democratico.

  3. “O Brasil abriga muitas empresas transacionais, ou seja, organizações que atuam em diversos países e ultrapassam os limites de suas matrizes. Algumas são de origem norueguesa. Apenas em 2017, mais de 120 empresas norueguesas operavam no Brasil. De acordo com dados do governo, publicados no mesmo ano, a Noruega é o oitavo maior investidor no Brasil, com mais de US$ 4,6 bilhões apenas entre 2015 e 2016.

    Na área de Energia, uma das empresas que figuram no Brasil é a Statkraft Energias Renováveis, subsidiária da Statkraft, empresa global, líder em energia hidrelétrica internacional e a maior geradora de energia renovável da Europa, com operações no mercado de energia, e mais de 3.600 funcionários em 15 países…” (colagem de uma rápida busca no google, para efeito de ilustração)

    A Noruega é um país com pouco mais de 4 milhões de habitantes que possui gigantescos ativos aplicados no exterior (nenhum país do mundo têm um índice de investimento no exterior por habitante, ou seja, no caso, por noruegueses, que empate com o da Noruega). Sem essa compensação pela exploração da mais valia dos trabalhadores da periferia pelo sistema imperialista de que faz parte, a Noruega não teria como financiar o seu “socialismo democrático”.

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