Depois de muito protesto no Twitter por parte dos fãs do diretor e dele próprio, veio a público a versão de Zack Snyder de Liga da Justiça, filme lançado em 2017 que originalmente tinha o próprio Snyder como diretor, porém por um cenário conturbado teve de abandonar o projeto, deixando nas péssimas mãos de Joss Whedon, que entregou o fiasco que conhecemos.
Quase quatro anos depois vimos um filme realmente autoral, pra bem ou pra mal. A assinatura de Snyder é marcante em tudo do filme, inclusive nas suas quatro horas de duração, comparável nesse quesito à Lawrence da Arábia e Dança com Lobos. Mas o grande ponto do filme, pelo menos pra quem vos escreve, foi o lado “kirbyano” dele, que não é pequeno. Todas essas horas são de pura narrativa do Criador de Deuses (alcunha dada a Jack Kirby pelo todo de sua obra), um misto de enredo épico com cenografia fantasticamente surreal. É de longe o filme da DC Warner que mais homenageia o autor que fez história pela casa criando todo o Quarto Mundo, morada de Darkseid e dos Novos Deuses em Apokolips e Nova Gênese, respectivamente. A outra única trama que conseguiu fazer uma referência tão clara e bonita ao autor foi Thor Ragnarok da rival Marvel, casa onde Kirby também fez história.
Nesse corte de Snyder, Darkseid recebe as atenções que não lhe foram dadas anteriormente, junto de todo seu elenco de apoio, formado pelo Lobo da Estepe (este redesenhado muito melhor do que na versão que foi aos cinemas), Desaad e Vovó Bondade, além das caixas-maternas e da equação anti-vida que receberam todo um desenvolvimento interessantíssimo e que deixa gancho pra mais filmes.
Tudo isso foi dito pra recomendar a série de encadernados da Panini que traz o Quarto Mundo de Jack Kirby completo. Fina flor do panteão cósmico da editora que nenhum fã de DC, de Jack Kirby, de Snyder Cut, basicamente, que ninguém deveria deixar de ler. Ao todo são 9 encadernados a preço de capa que varia de 27,90 até 39,90. Kirby não foi incluído no hall do Prêmio Eisner à toa.
