PSB e PDT anunciam aliança nacional em ato de apoio a Márcio França

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PSB e PDT anunciaram nesta quinta-feira (11/03) uma aliança nacional para as eleições municipais de 2020 visando consolidar um acordo para 2022 nas eleições presidenciais e estaduais. O anúncio se dá em evento de apoio dos trabalhistas a Márcio França, o candidato do PSB à prefeitura de São Paulo, a maior cidade do país. O PDT pretende indicar o vice na chapa de França, que deverá ser o sindicalista e presidente municipal do partido, Antonio Neto.

Estavam presentes, além dos postulantes Márcio França e Antonio Neto; os presidentes nacionais dos dois partidos, Carlos Siqueira do PSB e Carlos Lupi do PDT; o presidenciável e vice-presidente do PDT, Ciro Gomes; o vereador Eliseu Gabriel do PSB; e o pré-candidato a vereador do PDT, Gabriel Cassiano.

O evento contou com a presença do deputado federal do Rio de Janeiro, Alessandro Molon e o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, ambos do PSB. E ainda prestigiou a aliança PSB-PDT, o coordenador do movimento suprapartidário Direitos Já, Fernando Guimarães.

As conversas entre os partidos não são novidades, e estão em um contexto maior de diálogo da centro-esquerda não hegemonizada pelo lulismo. O apoio do PDT ao PSB em São Paulo na candidatura de Márcio França deve receber a reciprocidade no Rio de Janeiro com o apoio de Alessandro Molon à candidata trabalhista Martha Rocha. Além disso, PSB e PDT mantém reuniões periódicas também com PV e REDE para propiciar o maior número de apoios mútuos nas próximas eleições.

Por outro lado, o PDT vem costurando acordos também com a centro-direita representada pelo DEM do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e do prefeito de Salvador, ACM Neto. Em capitais como Fortaleza, São Luís e Salvador, os dois partidos praticamente já fecharam os acordos.  Já em João Pessoa, Aracaju e Natal as conversas tem mais variáveis, mas a tendência é terem o mesmo destino, e possivelmente até em Curitiba, PDT e DEM devem caminhar juntos tanto contra candidatos bolsonaristas e lavajatistas, como contra lulistas.

Em 2018, tanto PSB como o DEM, que liderava o chamado centrão, negociaram por meses o apoio ao candidato a presidente pelo PDT, Ciro Gomes, mas a intervenção de Lula em Pernambuco, do então presidente Michel Temer nos partidos de centro-direita que compunham sua base governista, e a relação de Márcio França com o tucano Geraldo Alckmin de quem era vice, impediram os acordos. Os dois blocos hegemônicos do sistema partidário do Brasil até então, PT pela esquerda e PSDB pela direita, isolaram a terceira via de Ciro Gomes pela centro-esquerda, mas foram avassaladoramente derrotados pela aliança bolsonarista-lavatista de extrema-direita.

Embora o apoio do DEM e de outros partidos da centro-direita seja mais difícil pelas divergências no programa econômico, a margem de manobra do PDT para obter o apoio do PSB está maior, o que torna Ciro um candidato mais forte na busca por apoios no restante do espectro político, ao contrário de 2018 quando haviam bloqueios maiores à sua candidatura tanto na esquerda pela força de Lula no nordeste como na direita pela hegemonia de inimigos pessoais de Ciro, como Temer, no centrão. Dessa vez Alckmin está fora do páreo após a ascensão de João Doria ao governo paulista que busca ser o presidenciável tucano, o governo federal está nas mãos de Bolsonaro e Sérgio Moro que são inimigos mortais do centrão, e o PT encontra-se em incômodo isolamento partidário, obrigando Lula à uma incomum guinada sectária.

Diante desse quadro político confuso, o sistema partidário passa por uma profunda reorganização com a ascensão da anti-política bolsonarista-lavatista que também é dividida, mas está aliada taticamente no Executivo federal. O centro, hegemônico no Congresso, busca um candidato capaz de vencer essa aliança da anti-política que busca destruí-lo, e a esquerda hegemonizada pelo lulismo está em uma crise de longo prazo, isolada social e politicamente. Portanto, não é à toa que Rodrigo Maia chama o PDT e Ciro Gomes ao diálogo entre a centro-esquerda e a centro-direita, e é por isso que a chapa PSB-PDT na eleição municipal de São Paulo é um fato político de muito peso nacional.