Por Gilberto Maringoni – O marqueteiro João Santana concedeu importante entrevista ao repórteres Pedro Exman, do jornal Valor Econômico. Santana é um profissional brilhante. Foi o coordenador do marketing das campanhas de Lula (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014), no Brasil; de Hugo Chávez (2012), na Venezuela; de Mauricio Funes, em El Salvador; de Danilo Medina, na República Dominicana; e de José Eduardo Santos, em Angola. Preso pela operação Lava Jato, tem dito que pretende abandonar seu trabalho político.
Os três excertos abaixo me parecem significativos:
Sobre a percepção do Governo Federal em relação às manifestações de 2013
Pouco depois, o assunto retorna à trilha anterior sem grandes dificuldades, e o repórter pede um exemplo de quando o então todo-poderoso marqueteiro de Lula e Dilma percebeu que o governo perdia o controle da situação. “Para você ver a baixa percepção que nós todos estávamos. Naquelas jornadas de 2013, em junho, no terceiro dia, tudo estava começando a explodir em Brasília. Eu saio tipo 7h da noite e pego o carro do meu escritório ou do hotel e vou para o Palácio da Alvorada supernervoso. Entro na sala íntima da presidente. Na área particular estava ela e Aloizio Mercadante, televisão desligada, tratando de algum assunto administrativo. Eu pergunto: ‘Presidente, vocês viram o que está acontecendo?’ Mercadante, com quem tenho carinho disse que não”, narra em tom dramático.
Depois de muita insistência, a televisão é ligada na GloboNews e a cena à qual todos assistem, incrédulos, já era quase a histórica invasão dos manifestantes à cúpula do Congresso. “Está tudo de cabeça para baixo, gente”, relembra o que disse, por fim.
Sobre mudanças que o PT fez no Brasil
“Eu brincava, e a Dilma ficava p. comigo quando eu dizia: ‘15 anos é tempo para c.. Napoleão ficou menos tempo que isso, 14 anos, e mexeu com o mundo. Alexandre, o Grande, levou 12 ou 13 anos e incorporou a Ásia ao império. Vocês estão aqui sentados e pensando que falta tempo”, conta, com um sorriso estampado no rosto.
Sobre grandeza política
“Acho que essa seria de fato uma chapa importante [Ciro e Lula]. Mas eu a acho impossível porque os dois não têm a grandeza. Não têm a grandeza do velho [Luís Carlos] Prestes de apertar a mão de Getúlio [Vargas]. Esses dois têm o ego fabulosamente inflado e equivocado. Não estão vendo o perigo”, sustenta. “Essa desinflada aparente que aconteceu com o Bolsonaro pos-eleicoes municipais é só aparente. Não é assim.
Por: Gilberto Maringoni.