Freixo no PSB é grande erro

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QUE NÃO SE CURVE AO ELEITORALISMO descompromissado com a verdadeira transformação estrutural da sociedade brasileira. É tudo que posso desejar a Marcelo Freixo, cuja ficha de filiação ao PSOL foi avalizada por mim, e em cuja decisão de transferência para a eclética legenda do atual PSB não tive nada a ver.

CONSIDERO QUE ESTEJA cometendo um grande erro, pois não será no PSB que Freixo vai conseguir construir essa frente sem eixo, verdadeiro pacto de anormais, onde se tenta misturar alhos com bugalhos, água com óleo. Não dá junta.

O ARGUMENTO DE que, para combater Bolsonaro em sua marcha batida para um projeto autoritário pessoal vale qualquer aliança, não se sustenta. Não se responde ao avanço da direita com a despolitização da política. POIS OUTRA EXPRESSÃO não se pode apresentar como tal do que, para a necessária luta pela exterminação das criminosas milícias que aterrorizam as comunidades carentes se deva buscar uma frente amplíssima, alianças com quem, quando na prefeitura do Rio, louvou essas milícias como agentes disciplinadores das favelas. Sim, foi o que então disse o prefeito Cesar Maia, na gestão em que se geraram como quadros Eduardo Paes e MiniMaia.

FREIXO SE ESPALDA numa sinalização de apoio num acordo feito por Lula com a cúpula do PSB, e passando por cima do deputado Molon, nome principal da legenda no Rio. Dado condicional bastante fluido para quem conhece a data de validade dos compromissos eleitorais assumidos por Lula.

FREIXO JÁ ERA militante petista em 1998 quando Lula, em janeiro, numa plenária partidária na UERJ, sala cheia, declarou publicamente que, se Vladimir Palmeira vencesse a Convenção Eleitoral, ele não hesitaria em apoiá-lo.

VLADIMIR venceu. E Lula não hesitou em mexer sua influência pessoal sobre a direção partidária de molde a promover uma vergonhosa intervenção em favor de Garotinha.

O QUE VAI OCORRER em 2022, a despeito das movimentações atuais, ninguém pode garantir. Quem assina a certeza de que tanto Lula quanto Bolsonaro estarão no pleito presidencial? Mais ainda. Quem assina que Paes e MiniMaia, que já controlam a capital, pretendam entregar o Estado do Rio a um egresso da esquerda radical, tendo um Felipe Santa Cruz à disposição?

SÃO MUITAS AS CONDICIONANTES. Que só provam estarmos diante de gente que grita Fora Bolsonaro!, mas que no fundo não cogita nem um pouco de defenestrá-lo via impeachment, aquii e agora. Querem-no cozinhado em fogo brando para que chegue desgastado à disputa decisiva, independentemente do que isso resultte em mais uma multidão de óbritos por conta da política negacionista, criminosa, em relação ao confronto com a Covid.

ESSA APOSTA já foi feita em 2018. Seria o candidato ideal para a disputa com Fernando Haddad. Deu no que deu.

QUE FREIXO não seja agente ativo na reprodução da tragédia, é o que podemos desejar.

E luta que segue! Com a pré-candidatura de Glauber Braga marcando o território da esquerda combativa.

PS- A confirmar-se essa contratação marqueteira, fica a pergunta: quem está pagando? Ou esse marqueteiro é “ideológico”?

  1. Me parece ser extremamente arrogante a definição da “combatividade” da esquerda a partir de uma tática eleitoral, ou seja, da tática que se adequa aos limites intransponíveis balizados pela luta institucional travada no seio de uma democracia de fachada burguesa. Do ponto de vista da luta institucional, que oferece pouquíssimas possibilidades de grandes avanços para os que lutam pela substituição do sistema capitalista por uma sociedade socialista, a esquerda realmente combativa visa afastar do Palácio do Planalto um fascista vinculado a grupos paramilitares, às milícias; fascista que planeja um golpe de estado abertamente. Essa esquerda combativa não pode confundir os seus desejos com a realidade, suas ilusões de triunfo com as chances reais de alcançá-lo lutando sozinha contra o fascismo. Para essa esquerda combativa – de fato, e não por conta do discurso esquerdista infantil que vaza – a derrota do fascismo não pode justificar aventuras, gestos infantis, visando marcar posição, “jogar para a galera”, ” ficar bem na foto” purista representada por uma “Frente de esquerda” supostamente “combativa”, comprometida com supostos “princípios” (morais?); para ela, o afastamento de Bolsonaro não pode ser negociado em nome da pureza ideológica, do pedigree, da Frente que promoverá esse afastamento, não sendo conveniente lançar mão de poodle para fazer às vezes de rottweiler, quando se trata de escolher um cão de guarda. A esquerda sozinha, isolada, não tem forças para derrotar o fascismo. Por isso, deve defender a constituição de uma Frente Ampla Antifascista para atingir esse objetivo principal, fundamental, se não quiser correr o menor risco de ver o Brasil submetido a uma ditadura fascista miliciana. A razão da esquerda combativa não ter forças para derrotar sozinha o fascismo encontra-se na fragilização da frente de luta não institucional promovida pela tática reformista-economicista que se tornou hegemônica a partir da emergência dos governos do PT, que tenderam a converter os movimentos sociais em pilares de sustentação eleitoreira dos candidatos do PT, em correntes de transmissão de práticas de um novo tipo de populismo e clientelismo de esquerda, que substituiu a obrigação de mobilizar, organizar e educar politicamente os trabalhadores e o povo, dia após dia, cotidianamente, através das lutas travadas pelos movimentos sociais, pela propaganda eleitoral de dois em dois anos, convertendo militantes em cabos eleitorais, dirigentes dos movimentos sociais em candidatos em todos os níveis aos cargos da democracia burguesa de fachada. Para revigorar os movimentos sociais, fazendo da Frente de Luta Não Institucional o centro de sua atuação, a esquerda combativa deve entender que até mesmo um outro governo do PSDB representaria melhores condições para o desenvolvimento dessa luta prioritária, revolucionária, que visa retirar milhões de homens comuns que vegetam na alienação política, para transformá-los em protagonistas das transformações sociais que atenderão aos seus interesses de classe, para trans firmá-los em fazedores ativos da História. Isso porque, no fundo, dado o caráter de classe da democracia de fachada burguesa, muito pouca diferença fará o nome do candidato capaz de derrotar eleitoralmente Bolsonaro; Lula, Ciro ou Hucke pouca coisa diferente trarão aos trabalhadores e ao povo face aos mecanismos de controle do Estado, que sempre farão prevalecer os interesses de classe que esse Estado representa (a menos que esse Estado seja derrubado, pela luta consciente dos trabalhadores e do povo, cedendo lugar a outro Estado, representante dos interesses de classe dos trabalhadores). O que pode diferenciar um nome do outro é a relação de cada governo que representarão com a luta não institucional, em termos de repressão estatal contra o desenvolvimento desta luta. Nesse ponto é que vislumbramos a ameaça representada pela vitória de Bolsonaro, pelo advento de uma ditadura miliciana fascista, que transformaria o desenvolvimento das lutas sociais em condições mais ou menos pacíficas, dirigidas por organizações representativas da sociedade civil legais, em luta armada clandestina contra o fascismo, empreendida por organizações ilegais.

  2. Lamento que Freixo esteja andando para tras. Nao se pode confiar mesmo nessas negociacoes daqui pra frente, ainda de tao-longo prazo.

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