Floriano Peixoto e os Rothschilds

Floriano Peixoto e os Rothschilds
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Por João Pianezzola – Lembrete de que quando Floriano Peixoto, pela 1ª vez na história desse país, decidiu iniciar uma política de fornecimento de crédito para a indústria, um dos que prontamente vieram reclamar foram (adivinhem) os Rothschilds.

《O Jornal do Comércio divulgou a notícia: “Consta-nos que os Srs. Rothschild telegrafaram ao Sr. Ministro da Fazenda, fazendo-lhe sentir que a emissão de apólices para auxílio às indústrias, se resolvida pelos poderes públicos, não será de bom efeito no crédito do país”.》

Contexto: em 1892, a incipiente indústria nacional já estava em crise. O câmbio baixo, numa economia exportadora que expunha a indústria à necessidade de importar quase tudo para sua operação, deixava os insumos internacionais extremamente caros. Nesse cenário, competir sem proteção era impossível. Por isso, os industriais elegeram uma comissão que os representasse junto ao Congresso e o Executivo, pedindo o auxílio do Estado através de empréstimos. Setores reacionários do latifúndio exportador protestaram contra o pedido, alegando que a medida causaria ainda mais depressão cambial e distorceria ainda mais o mercado. Alegavam esses representantes do republicanismo liberal paulista (principalmente Rangel Pestana) que as apólices protecionistas estariam à serviço da especulação dos industriais urbanos.

《“O que, porém, inquietava (…) Rangel Pestana, era o abalo que a medida produzia sôbre o nosso câmbio e sôbre o nosso crédito no exterior”. Produzindo exclusivamente para exportar, os cafeicultores colocavam-se (…) na subordinação aos compradores internacionais.》

Eis que os protestos vieram também de fora, principalmente dos Rothschild (cf. a primeira citação).

Sem vacilar, contudo, Floriano realizou o empréstimo. Em 17 de dez. baixou o decreto que autorizava o Banco do Brasil a emprestar até 100 mil contos de réis sob forma de bonus.

Por João Pianezzola

 

FONTE: História Nova do Brasil, Vol. 4, FLORIANISMO.