Einstein se explica em Sócrates (o Brasileiro)

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Albert Einstein, a partir de suas conclusões e estudos da teoria da relatividade, mostrou ao mundo que o tempo seria relativo a depender do movimento do observador. Mas este texto não tem nada a ver com dilatação temporal, campos gravitacionais, espaço quadridimensional ou leis da física.

Recomecemos.

Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, o Doutor, é um dos personagens mais completos do Brasil. Formado em medicina, preferiu operar grandes lances sem marcar consulta com os adversários. Gênio (com ou sem bola) lutou contra a ditadura, capitaneou a melhor seleção de todos os tempos, liderou o maior movimento democrático em um clube de futebol e… viveu.

De todos os trunfos, e principalmente por tê-los todos, viver é, na minha opinião, aquele que mais diferenciou o Doutor.

São tantos ídolos se doando ao trabalho, ao ego, à própria idolatria, que reconheço, em Sócrates, uma fragilidade inescusável: era humano. Tinha gostos, vontades, inseguranças e, acima de tudo, buscava felicidade.

Para sermos felizes apostamos no amor sem cessar e sem apego, corremos atrás da alegria de forma inconsequente e erramos.

Não há como aprender a andar sem cair. Não há como aprender a viver sem errar. E Sócrates, com toda a sua maestria, vivia.

Viver tem suas consequências. A fama de jogador boêmio o assombrou, e a comprovação desta fama o atrapalhou em seu ofício. Mas era exageradamente humano. E estava querendo apenas viver.

O corpo cobra. O calcanhar do Sócrates não era de Aquiles, mas o fígado era.

Deixou este mundo no dia quatro de dezembro de 2011, domingo de Corinthians campeão (como havia profetizado tempos atrás). Tinha cinquenta e sete anos. Cinquenta e sete anos, no calendário.

Estimo que cada ano vivido por Sócrates, entre boemia, filosofia, política e futebol, representa ao menos três anos de um humano comum.
Viver não é só respirar. Viver é existir. Sócrates não viveu pouco. Existiu muito.

Quando Einstein concluiu que o tempo era relativo, estava fazendo cálculos e fórmulas da velocidade da luz.

Concluo o mesmo sem nada disso. Sócrates viveu, em cinquenta e sete, ao menos cento e cinquenta anos.