Diante da Debacle dos EUA e da Europa só há uma alternativa ao Brasil: parceria com a China

Diante da Debacle dos EUA e da Europa só há uma alternativa ao Brasil parceria com a China
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Uma parceria estratégica entre o Brasil e a China, resguardando um regime de preferências comerciais com garantias de transferência tecnológicas, pode ser a única possibilidade concreta de salvação da nossa economia do desastre e encaminhá-la para o caminho da reindustrialização.

Pela falta de um Projeto Nacional de Desenvolvimento temos sofrido com uma brutal queda da participação da indústria no PIB, algo que afeta não somente a produtividade e a escalada tecnológica com a agregação de valor em nosso tecido econômico, mas também culmina com a extinção da oferta de empregos dignos e que remunerem decentemente nossos trabalhadores.

O resultado é uma constante taxa de desemprego elevada, concomitantemente a explosão do trabalho informal e o surgimento de milhares de desalentados.

A pandemia de Coronavírus irá desmascarar tudo isso, quando entrarmos em 2020, após o término do “Auxílio Emergencial”.

Um cenário apocalíptico se avizinha, principalmente nas grandes metrópoles, no momento em que significativa parcela da população irá se deparar com a falta de oportunidades de trabalho, o fechamento de diversos pequenos e médios negócios (que hoje são responsáveis pelo emprego formal de quase 70% da mão de obra brasileira) e o desmantelamento dos serviços públicos após um rombo fiscal sem precedentes orientado por uma política econômica burra e suicida.

A queda de 32% no segundo trimestre da economia norte-americana somados aos horripilantes dados de 54 milhões de desempregados, números que não se viam desde a Grande Depressão, é um prenúncio do que está para ocorrer com o Brasil.

O mesmo ocorre com a Europa. Indicadores mostram que no segundo trimestre o bloco teve uma retração recorde desde o início da série histórica (1995), de 12% em seu PIB, puxada por Espanha (-18,5%), Portugal (-14,1%), França (-13,8%) e Itália (-12,4%). Com esse resultado, a Zona do euro está oficialmente em recessão.

No entanto, ainda que tudo isso pese, em junho as exportações agropecuárias brasileiras quebraram um recorde, mesmo com a pandemia. Alguém é capaz de adivinhar qual país puxou esse índice para tão elevado patamar?

A China. Isso mesmo! País que rapidamente, pelo seu engenhoso sistema político/econômico/social, conteve a disseminação da Covid-19, tornou-se o polo industrial mundial exportando para quase todos os países do G-20 (ventiladores pulmonares, EPIs e medicamentos) e que já há projeções para que mesmo após o baque originário de Wuhan no início do ano, a potência asiática feche 2020 com um crescimento de até 4% do seu PIB.

Com medo desse exuberante resultado civilizatório, os Estados Unidos iniciou uma guerra comercial e tarifária contra a China. E sabem quem saiu ganhando nessa? O Brasil!

No atual período, a China é responsável por cerca de 40% de todas as nossas exportações. É, portanto, um parceiro indispensável.

Importante salientar que, no agronegócio, Brasil e EUA são competidores.

A parceria comercial e as boas relações com a China podem, de fato, evitar uma tragédia econômica e social em nosso país. Passando, como frisei no início do texto, de uma pauta exportadora majoritariamente agrária e de commodities, para um regime de cooperação industrial em prol do desenvolvimento brasileiro. Isso fará com que nossa nação de saltos significativos na cadeia global de valor e, a partir daí, torne-se novamente um polo de geração de milhões de empregos e um centro ultra competitivo de inovação.

Mas existem dois fatores que podem atrapalhar esse destino:

1. A disputa geopolítica entre os EUA e China e a orientação ideológica da nossa atual política externa. Infelizmente o governo de Jair Bolsonaro está mais interessado em atender automaticamente interesses norte-americanos (sem receber nada em troca e nenhum aceno político ou econômico de relevância) do que em cuidar de nosso próprio interesse nacional.

2. A elevação das tensões entre EUA e China envolvem também a tentativa de intervenção e quebra do regime institucional através da guerra híbrida e da contrainformação, fustigada e promovida por parte dos serviços de inteligência estadunidense, de Hong Kong. A China Popular, porém, soube lidar de forma soberana com essa situação, fazendo uso da Lei de Segurança Nacional e não admitindo interferências estrangeiras em assuntos internos.

Enquanto toda essa sofisticada disputa internacional é travada, a ala ideológica do governo brasileiro faz pressão e lobby para não permitr a participação de empresas chinesas no leilão da prestação de serviços da tecnologia 5G.

É importante notar que importantes alas militares e representantes do agronegócio são contrários à participação chinesa nesse setor.

Essa pressão e esse clima anti-chinês, como se fosse escalonada uma guerra cultural, são orientados por gurus e ideólogos de conspirações grotescas, que residem fora do país e pelo establishment financeiro ocidental e sua influência interna nas classes dominantes e na mídia tradicional.

No entanto, nenhum desses argumentos utilizados para se criar um ambiente hostil entre as relações Brasil/China, são pragmáticos ou supõe a defesa do interesse nacional brasileiro. Partem de um pressuposto puramente ideológica e só atendem aos interesses das potências ocidentais do Atlântico-Norte, que como sabemos, sempre boicotaram e lutaram contra a soberania do Brasil e o nosso desenvolvimento econômico.

O Brasil deve recuperar sua altivez e grandeza, para assim pautar sua política externa e suas parcerias comerciais estratégicas, a partir do critério que melhor atenda ao crescimento da economia nacional, a sofisticação do nosso polo produtivo e a melhoria das condições materiais de nosso sofrido povo brasileiro.

Com a manutenção desse governo, não há esperanças e perspectivas de que isso ocorra. O presidente da república, em live oficial feita a partir de suas redes sociais, reafirmou o preconceito contra os irmãos chineses, afirmando, de modo pejorativo, que contrato do governo federal para a compra das das vacinas contra o Coronavírus, seria feito com a “Pfizer” e a Oxford, e não com “aquele país lá”.

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