A utopia do New Deal tropical

JONES MANOEL A utopia do New Deal tropical

Acabei de ler um escrito compartilhado por várias pessoas. Seu título é: “Ser verdadeiramente revolucionário significa apoiar um Projeto Nacional de Desenvolvimento“.

O escrito tem aquele elemento – com o perdão da palavra – patético intrínseco ao neo-neo-desenvolvimentismo. Explico. Ciro Gomes sabe, já teve várias provas práticas, que o tal “capital produtivo” que ele quer defender do rentismo não o apoia. Um exemplo prático e ilustrativo disso foi em 2018 ele, em um espaço da CNI (Confederação Nacional da Industria), ter sido VAIADO e Jair Bolsonaro APLAUDIDO.

Sabendo disso, toda vez que é questionado sobre a ausência do apoio burguês ao seu projeto, Ciro parte para uma explicação patética: a) fala em criar uma nova burguesia a partir de startups e incubadoras de negócios; b) ou cita o exemplo da China de uma burguesia guiada pelo Estado – só esqueceu da Revolução chinesa.

No escrito em pauta, publicado no Portal Disparada, o autor fala que não está em questão suprimir a contradição capital versus trabalho na conjuntura imediata e fala de um COMPROMISSO para:

“desenvolvimento de nossas capacidades produtivas, industrialização, tributação progressiva, mudar o perfil da dívida, crédito às inovações da ‘economia do conhecimento’”

O compromisso é com um SUJEITO OCULTO, não tratado, mas todos sabemos quem é: a burguesia, ou uma fração dela.

Para evitar o problema óbvio, é operado duas malícias: ou se considera o Governo como um sujeito todo poderoso capaz de sustentar um projeto burguês reformista mesmo sem uma burguesia reformista ou se fala, abstratamente, do apoio do povo brasileiro.

Em ambas as situações, a função é a mesma: evitar falar em voz alta que esse “Projeto Nacional de Desenvolvimento” tem como pressuposto a sustentação classista da burguesia.

E essa sustentação política NÃO EXISTE.

Por isso todo neo-neo-desenvolvimentismo tem toque patético. Ele apela eternamente para uma aliança de classe onde o sujeito da aliança, a burguesia, diz um não de forma permanente. E nesse ponto, ciristas e lulistas estão abraçados!

“Utópico” mesmo não é falar de revolução. É esperar os “capitães da indústria” construírem o New Deal tropical.

Sair da versão mobile