Governo do PT finalmente descobre que ciência tem fronteiras

Governo do PT finalmente descobre que ciencia tem fronteiras

Por Diego Abreu – Parece que o Partido que criou o programa mais imbecil da história da Humanidade, o famigerado CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS, descobriu com 10 anos de atraso que, no fim das contas, o que mais tem na ciência são FRONTEIRAS.

https://www.gov.br/cnpq/pt-br/assuntos/noticias/cnpq-em-acao/fixacao-de-pesquisadores-no-pais-nota-do-cnpq

Sobre o Programa.

Achar que os problemas estruturais que emperram a ciência nacional e impingem talentos a deixarem o país podem ser resolvidos com “Bolsa de incentivo” revela a mentalidade míope, tacanha e assistencialista que marcam o modo de fazer política do PT.

Os cientistas brasileiros que deixam o país por motivos econômicos o fazem, em primeiro lugar, por não encontrarem em quantidade suficiente no país emprego compatível com seu grau de especialização, sendo facilmente cooptados por uma rede de “coiotagem de cérebros”, que atrai cientistas de áreas específicas (via de regra, vinculadas a certos setores tecnológicos de grande demanda) de diferentes partes do mundo para atuarem como auxiliares e assistentes (ou seja, também em cargos inferiores ao nível de formação) nos grandes laboratórios do “mundo desenvolvido”.

Apesar dessa “sub-colocação” e da exploração a que muitos desses cientistas são submetidos, ainda é muito mais sedutor atuar na sua área de formação em um laboratório da Inglaterra (ainda que se tenha que viver num dormitório de Universidade) do que dirigir Uber ou trabalhar na C&A no Brasil. Esse problema se agrava ainda mais graças à falta de critério e de sentido estratégico que rege a criação de Programas de Pós-graduação no país, que continuam a despejar desempregados com título de PhD debaixo do sovaco sem qualquer preocupação com a empregabilidade dessa gente.

A solução para esse emaranhado de problemas é complexa e de médio prazo, envolvendo uma reformulação transversal de toda a organização institucional do nosso sistema acadêmico e, algo ainda mais complicado, um giro de 180 graus na condução da nossa política econômica, retomando as diretrizes do desenvolvimentismo do século passado, que precisará de centros tecnológicos e científicos de ponta para suportar a competição no mercado globalizado e de grande densidade tecnológica do século 21.

Esses centros de tecnologia fornecerão emprego de altos salários para os nossos cientistas, o que garantirá a sua permanência. Dar uma bolsa de veraneio para um cientista bem empregado no exterior somente o fará passar um período sabático no Brasil (possivelmente, de licença de seu instituto), gozando de recursos indisponíveis para os cientistas brasileiros que fazem ciência na Universidade, muitas vezes, em condições precárias. Ao final do período de vigência da Bolsa, esse cientista radicado no exterior poderá voltar tranquilamente para a sua nova Pátria, onde não terá dificuldade de se realocar graças à sua experiência (se ele tiver, de fato, rompido seu vínculo com a Universidade estrangeira).

Em suma, além de não resolver os principais problemas que temos no país no campo da C&T (atraso tecnológico, carência de empregos na área e consequente nível elevado de desemprego de mão de obra qualificada), o CIÊNCIA COM FRONTEIRAS ainda vai gastar um valor considerável (que poderia ser empregado de formas muito mais inteligentes) para criar novos problemas, como a entrada de para-quedas de pesquisadores sem vínculo com a Universidade e a destruição da noção de isonomia a partir do financiamento privilegiado desses “cientistas repatriados” enquanto os cientistas brasileiros sofrem com a precarização nas Universidades ou viram hambúrguer na beira de uma chapa do McDonald’s.

Por Diego Abreu

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