Fidel Castro e a Revolução Cubana: a história o absolveu

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Por Luana Morales Victorero – Leonel Brizola sempre afirmou que a história para nós é o cimento que garante a nossa estabilidade, que nos dá segurança para olhar para o horizonte. E quem conhece as suas posições sabe que qualquer comentário feito por ele referente ao passado não era por qualquer tipo de saudosismo ou por um desejo de voltar no tempo, e sim para esclarecer o tempo presente, como um apontamento para o futuro. Isso porque um povo que não tem história não tem presente, muito menos futuro. E nós estamos fazendo história, neste exato momento. Cada um dos nossos atos, seja por ação ou omissão, resultará em um acúmulo que poderá ou não mudar o curso da história.

Fidel Castro
Brasil, Brasília, DF, 12/06/1992. O líder cubano, Fidel Castro (esq.), após assinar acordo para tratar das crianças contaminadas pelo acidente com o “Césio 137” em Goiânia, abraça Leonel Brizola. – Crédito:JOSÉ VARELLA/ESTADÃO CONTEÚDO/AE/Codigo imagem:10177

Fidel Castro foi um dos homens que soube fazer a boa história. Materialista e dialético, concebeu a história do presente para o passado. Se não fosse pelo ataque contra o Quartel Moncada, em 1953, não haveria revolução em Cuba em 1959. Sabe-se lá qual teria sido o destino da bela ilha caribenha, mas a verdade é que foi a coragem e iracundia de 165 jovens liderados por Fidel que criou o clima necessário para o triunfo da Revolução Cubana. Julgado por essas ações, apresentou a própria defesa frente ao Tribunal, reivindicando o direito dos povos a lutarem contra governos tiranos e apresentando um manifesto pela libertação da nação.

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Saiu da posição de acusado para acusador.

Aí reside a sagacidade de quem sabe escrever a História com H maiúsculo. As conquistas que a Revolução Cubana alcançou são inúmeras, muito maiores do que os índices de saúde e educação divulgados pela esquerda tradicional. Mas é claro que, para uma ilha subdesenvolvida, que sofre um brutal bloqueio econômico que se estende há seis décadas, com 243 medidas de bloqueio imposta pelos Estados “Unidos” da América, sempre é válido lembrar que não existe nação capitalista no continente que tenha logrado tais êxitos.

Vulgarmente chamada de ditadura, Cuba é uma nação que tem muito a nos ensinar sobre democracia, que é tão banalizada hoje. Lá os instrumentos de consulta e gerência popular são realmente utilizados e o resultado não poderia ser outro: uma sociedade altamente politizada, que participa ativamente das eleições, onde mais de 80% da população comparece para votar, mesmo sem o voto ser obrigatório. As mulheres, que aqui são marginalizadas pela democracia liberal, em Cuba representam mais de 50% da Assembleia Nacional.

Um povo que conhece o seu dever cívico.

À lá Galeano: os cubanos sabem que a revolução, crescida no castigo, é o que pôde ser e não o que quis ser. Por essa razão ela segue triunfando com todas as dificuldades e limitações, porque lá até o sacrifício da crise é igualmente distribuído. Até a austeridade consegue ser mais digna lá que cá, onde ela é imposta para retirar conquistas sociais e garantir lucros ainda mais exorbitantes para as classes dominantes.

Cuba paga caro para manter a sua Soberania. Com um alto custo político e social, que está calçado no sacrifício do seu povo. Um preço para conceber a sociedade menos injusta de toda a América Latina.

Por isso ela é intragável para o imperialismo, porque ela é a evidência concreta de que podemos promover a verdadeira independência de nossas nações se nos insurgimos. Por isso o ódio dos opressores, porque estes se alimentam de conformismo, e na pequena ilha o que encontram, ainda hoje, é rebeldia.

Lá em 1953, quando julgado pelo ataque ao Quartel Moncada, Fidel terminou sua autodefesa declarando “Condenai-me, não importa. A história me absolverá.”. Hoje Cuba existe e resiste para provar que a história o absolveu. Mais que isso, Fidel tornou-se a própria História para assim nos apontar um caminho, e seu legado segue vivo e pulsante em cada militante latino-americano que possui o sonho libertador de emancipar seu povo, assim como quem vos escreve, de assistir o Brasil romper com seu caráter dependente e colonial, tomando o poder nas mãos para construir a nação que há de ser.

Cabe a nós aprendermos com a experiência-hermana e termos a coragem de retomar o fio da nossa história. Nós temos um país para fazer.

Por Luana Morales Victorero

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