Congelando o debate público

Congelando o debate público

Há quatro anos os petistas rasgam as vestes toda vez que Ciro critica o PT. Isso é uma estratégia conhecida como “freezing” no marketing político. Na psicologia simplesmente chamamos de condicionamento operante com punição positiva. Fazer escândalo social, punir com ofensas e desaprovação pública, sempre o mesmo comportamento. O objetivo, é claro, é fazer as pessoas desenvolverem, por aprendizagem vicária (por observação), medo de criticar o PT, de falar qualquer coisa sobre o partido. E é claro, eles usam isso tanto mais contra aqueles discursos que eles sabem que os desgastam mais.

Isso funciona quando alguém é hegemônico. Eles já foram no debate público. Agora só são entre aqueles que se consideram de esquerda. Então, para as pessoas não serem mal faladas nos grupos de Face ou rede de Twitter da autodenominada “esquerda”, desenvolvem pânico de criticar o PT dentro de suas bolhas.

Mas ao longo do tempo essa forma de atuação criou um exército de inimigos do PT. Não duvidem, quando a ameaça Bozo passar, esse exército vai acabar se reunindo, ou no mínimo, atacando em conjunto.

Vamos avaliar com frieza. Já se passam dois dias da “treta”, que nada mais foi que Ciro respondendo obviedades ao ataque de Dilma. O que ele falou que não fala há anos? Que Dilma é incompetente? Que Lula queria o impeachment? Que “guinada” é essa que ele deu? Nenhuma. Ele só fez o trabalho dele, que é disputar a eleição contra o PT. Como resultado, entrou em todas as bolhas da direita de forma positiva. Ganhamos pontos, e só os filopetistas choram, porque NÃO HÁ VOLTA para a boquinha, NÃO HÁ VOLTA para a posição pusilâmine de linha auxiliar do PT. Querem saber por quê? Se a falta de projeto do PT não é suficiente para você mesmo responder, veja o que ocorreu com os partidos que aceitaram essa posição, como o PCdoB, por exemplo, e o que está acontecendo com o PSOL agora.

O que perdemos? Aquele sujeito que vota em Lula e fala pela centésima vez que o Ciro morreu e não vai mais votar nele.

É totalmente legítimo que as pessoas queiram se recompor com o PT agora que eles têm perspectiva de poder.

Assim como é legítimo que nós não queiramos mais. Eu, estou pouco me lixando para o PT. O PT é uma organização neoliberal na economia com a única diferença de ter que disfarçar suas privatizações, sob o nome de ‘concessões’ ou ‘abertura de capital’, como fizeram com as estradas e com a Petrobrás, porque ainda tem base em corporações do serviço público. De uma matiz classista transitou desde o fim do governo Lula para o mais nefasto e fragmentador identitarismo. Agora relativista e pós-moderno até os ossos, ainda continua o mesmo partido internacionalista de sua fundação, sendo, culturalmente, nada mais que uma seção brasileira do Partido Democrata dos EUA. Por fim, virou uma máquina fisiológica de pessoas que só sabem viver do governo.

O que restou do PT que mereça nossa consideração como sendo do mesmo campo? Na minha opinião, nada. Por isso meu conselho a vocês é: Libertem-se. O PT não é de nosso campo. Somos desenvolvimentistas, trabalhistas, nacionalistas, universalistas e acreditamos na verdade.

É guerra amigos. É a última chance do Brasil. Não dá para se preocupar com a opinião do psolista do Leblon.

Lula é corrupto, Dilma é inepta. Ambos são incompetentes e adversários. Adversário a gente critica. Quem implora para o concorrente assumir um plano melhor não é adversário, é linha auxiliar.

E nós, nós somos o fio da história.

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