Por João Pianezzola – Esses dias saiu uma notícia na imprensa corporativa de que uma bilionária foi condenada à morte no Vietnã por corrupção. Os comentários das notícias eram cheios de gente dando razão ao governo do Vietnã, muitos com aquele jeitão clássico do tio reaça que apertou 17 e 22 na urna.
O fato é que o brasileiro médio é extremamente punitivista, e acha mesmo que “bandido bom é bandido morto”, seja o marginal que faz arrastão, o traficante ou “político corrupto”. Por isso a Lava Jato foi extremamente popular, porque tocou num sentimento muito caro ao brasileiro. A ideia de ver uma campanha nacional gigantesca, de norte a sul, em que os grandes tubarões dos crimes de colarinho branco são devidamente punidos pelo Estado provoca quase um êxtase no cidadão que vê dia após dia seu dinheiro suado indo embora para essa gente via impostos ou indo pro crime organizado quando sofre um assalto. Ninguém quer saber de reabilitação.
Um comentário que vi dizia assim: “Tá certo. Aqui no Brasil essa gente vira presidente, deputado e ministro”. O cidadão não estava nem aí para o fato de o governo do Vietnã ser de esquerda. Para ser honesto, o tio reaça até gosta da esquerda, mas a esquerda “raiz”, que é contrastada, nos memes de WhatsApp, com a esquerda “nutella”. Para o tio reaça, “comunismo” significa dar o c*, fumar maconha ou ensinar isso pra criança (ou promover politicamente essa agenda). Em verdade, se explicasse como a China (comunista) lida com corruptos para essa galera, é capaz de gostarem da ideia.
Está mais do que na hora de surgir no Brasil uma ideia popular que seja “esquerda no trabalho e direita nos valores”. Isso é uma frase de Alain de Benoist, que faz parte da Nova Direita Europeia. Eu sinceramente acredito que o Brasil é um local muito mais próprio para esse tipo de ideologia vingar do que a Europa, que é toda complexada. E o Brasil precisa urgentemente de uma nova direita (e de uma nova esquerda) mesmo.
Na hora que a direita abandonar o liberalismo econômico no qual foi adestrada, e na hora em que a esquerda abandonar o liberalismo cultural e social na qual foi também adestrada, acabou para a eterna disputa falsa entre Lulas e Bolsonaros.
É bilionário e político corrupto em cana e direito social garantido. Só assim o Brasil tem futuro.
Por João Pianezzola